O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aprovou, nesta semana, medidas preventivas para assegurar a oferta de energia em todo o país. Essas ações foram motivadas pela seca nas regiões Norte e Nordeste, estiagem nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e incertezas sobre o impacto do fenômeno La Niña nos meses de setembro, outubro e novembro, que pode resultar em chuvas abaixo da média e temperaturas acima do normal.
As decisões foram tomadas durante a 295ª reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
Demanda energética e uso de reservas operativas
Entre setembro e dezembro, o ONS projeta uma alta demanda por energia, com baixa contribuição da geração eólica. Diante desse cenário, será necessário recorrer aos recursos da reserva operativa para suprir a demanda máxima do sistema.
Uma das medidas será a continuidade do despacho de energia gerada pelas usinas termelétricas movidas a gás natural Santa Cruz (Rio de Janeiro) e Linhares (Espírito Santo) durante o mês de novembro. Além disso, está prevista a possibilidade de despacho flexível da energia gerada pelas termelétricas Santa Cruz, Linhares e Porto Sergipe, com o objetivo de reduzir o custo total da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), levando em conta os custos variáveis unitários autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Operação de usinas e linhas de transmissão
Durante a reunião, foi discutida a viabilidade da operação excepcional do reservatório intermediário da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu (PA), com uma vazão mínima de 100 metros cúbicos por segundo, respeitando as licenças necessárias. Também foram debatidas a ativação da Linha de Transmissão Porto Sergipe – Olindina – Sapeaçu (500 KW), da Linha Terminal Rio – Lagos (500 KW), e da Linha Leopoldina 2 – Lagos (345 KW), para garantir o escoamento de energia nos meses de setembro a dezembro.
Segundo o ONS, embora o cenário climático na Região Norte seja desfavorável, o nível de água nos reservatórios para geração de energia no SIN é de 58%. Até o fim do período de seca, o armazenamento deve cair para entre 42% e 39%.
Eleições e queimadas
O comitê também discutiu a operação especial do sistema elétrico para garantir o fornecimento de energia nas eleições municipais. O ONS propôs medidas de segurança e a Aneel apresentou iniciativas contra os desligamentos de subestações causados por queimadas, visando aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.
Em agosto de 2024, o setor elétrico registrou a expansão de 571 megawatts (MW) de capacidade instalada de geração centralizada e 1.683 MVA de capacidade de transformação. No acumulado do ano, a expansão totalizou 7.096,5 MW de geração centralizada, 2.409,4 km de linhas de transmissão e 10.730 MVA de capacidade de transformação.