A hipertensão, ou pressão alta, é uma doença crônica caracterizada por níveis elevados de pressão arterial. Tradicionalmente, a condição é diagnosticada quando os valores das pressões máxima e mínima atingem ou superam 140/90 mmHg (ou “14 por 9”). Por muito tempo, valores de até “12 por 8” foram considerados normais, mas novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia estão mudando esse entendimento.
As atualizações foram apresentadas em agosto durante o Congresso Europeu de Cardiologia, realizado em Londres. Agora, a pressão arterial “12 por 8” é classificada como “pressão arterial elevada”, enquanto a pressão ideal é considerada “12 por 7” (ou 120/70 mmHg).
As novas diretrizes introduzem uma nova forma de classificar a pressão arterial, reduzindo as seis categorias anteriores para apenas três, com base nas medições feitas em consultório:
Bill McEvoy, professor da Universidade de Galway, na Irlanda, destaca que essa nova categoria reconhece que a pressão arterial não muda drasticamente de uma hora para outra. Ele ressalta que muitos pacientes, especialmente aqueles com maior risco de doenças cardiovasculares, podem se beneficiar de intervenções antes que sua pressão atinja os níveis considerados hipertensivos.
De acordo com Fernanda Consolim-Colombo, médica assistente da Unidade de Hipertensão do InCor, valores elevados de pressão arterial sem tratamento podem levar a sérios problemas cardíacos, incluindo insuficiência cardíaca, infarto e AVC. Ela vê aspectos positivos nas novas diretrizes, especialmente na criação da categoria “pressão arterial elevada”, que permite a implementação precoce de mudanças no estilo de vida.
Vale ressaltar que, apesar da mudança na classificação, a hipertensão continua sendo definida como pressão de “14 por 9” ou mais.
As novas diretrizes recomendam um tratamento mais individualizado, com base no nível de pressão arterial e no risco de doenças cardiovasculares. Para pacientes diagnosticados com hipertensão (≥140 mmHg), o início do tratamento deve ocorrer independentemente do risco cardiovascular, combinando terapia medicamentosa e mudanças de estilo de vida, como:
Para pacientes com pressão arterial elevada, a abordagem é diferente. Aqueles sem risco aumentado de doenças cardiovasculares devem seguir mudanças de estilo de vida por 6 a 12 meses. Se não houver melhora, o tratamento medicamentoso pode ser considerado. Para pacientes com risco elevado, são recomendadas mudanças de estilo de vida por três meses, seguidas pela introdução de medicamentos se a pressão for igual ou superior a 130/80 mmHg.
Consolim-Colombo destaca que essa nova abordagem requer uma avaliação cuidadosa do impacto da pressão alta no organismo e a consideração de outras condições que aumentem o risco cardiovascular.
As diretrizes também oferecem orientações práticas para a medição da pressão arterial, tanto em consultórios quanto em casa:
Essas novas diretrizes visam promover um melhor controle da pressão arterial e conscientizar os pacientes sobre a importância de um estilo de vida saudável, aliado ao tratamento adequado quando necessário.