O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, foi executado com um tiro de fuzil no rosto na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na sexta-feira (8/11). Gritzbach já havia relatado ameaças do “tribunal do crime” do PCC (Primeiro Comando da Capital) e temia por sua vida devido ao envolvimento com operações financeiras da facção.
Gritzbach havia firmado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), aprovado pela Justiça este ano. No depoimento, ele revelou informações sobre lavagem de dinheiro para membros do PCC, como Anselmo Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Claudio Marcos de Almeida, o “Django”. Ambos eram sócios da empresa de ônibus UpBus, que opera na zona leste de São Paulo e está sob intervenção após suspeitas de ligação com o PCC.
Em 2021, Cara Preta, suspeito de movimentar cerca de R$ 200 milhões, foi assassinado, e Gritzbach era apontado como suspeito pelo MPSP, que acreditava haver um desentendimento entre os dois relacionado a dívidas em investimentos com criptomoedas. Em sua defesa, Gritzbach negou envolvimento e disse ter conhecido Cara Preta e Django como bicheiros e agentes de atletas de futebol.
Após a morte de Cara Preta, o empresário afirmou que foi ameaçado em uma casa no bairro Tatuapé, onde um dos capangas de Django ameaçou esquartejá-lo. Posteriormente, sua residência foi invadida, e ele foi pressionado a devolver valores em criptomoedas. Segundo o empresário, conseguiu restituir R$ 27 milhões, e uma chave de acesso a bitcoins, no valor de US$ 100 milhões, teria ficado com Danilo Lima de Oliveira, o “Tripa”, associado de Django. Como parte da cobrança, até uma Ferrari de Gritzbach foi levada de sua casa.
Em seu acordo de delação, Gritzbach forneceu documentos, mensagens e provas que ajudaram o MPSP a denunciar Django e outros associados do PCC por lavagem de dinheiro e aquisição de imóveis na zona leste, reduto de lideranças da facção. Estima-se que o valor dos bens envolvidos ultrapasse R$ 30 milhões.
O empresário retornava de uma viagem a Goiás com a namorada e foi executado na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos. Câmeras de segurança registraram o momento em que atiradores desceram de um carro preto e dispararam 29 tiros contra ele, matando-o na frente de um de seus filhos, que havia ido buscá-lo com quatro seguranças, dois dos quais ficaram feridos.
Gritzbach estava jurado de morte pelo PCC, acusado de envolvimento nos assassinatos de Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, motorista de Cara Preta. Desde junho do ano passado, ele estava em liberdade após ter fechado o acordo de delação premiada com o MPSP. Em dezembro, já havia sofrido um suposto atentado na sacada de seu apartamento na Anália Franco, zona leste de São Paulo.
O MPSP aponta que Gritzbach e o agente penitenciário David Moreira da Silva foram os responsáveis pelo duplo homicídio de membros do PCC, ocorrido em dezembro de 2021, com a participação de Noé Alves Schaum, executor da facção, que também foi assassinado em janeiro do ano passado.