Justiça

Justiça condena assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes a mais de 130 anos de prisão

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz — Foto: Brunno Dantas/TJRJ

Seis anos, sete meses e 17 dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou, nesta quarta-feira (30), os responsáveis pelo crime que chocou o Brasil e ainda ressoa em todo o mundo.

O ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos na fatídica noite de 14 de março de 2018, recebeu uma pena de 78 anos e 9 meses de prisão. Já o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigiu o Cobalt utilizado no ataque, foi condenado a 59 anos e 8 meses. O Ministério Público, que havia solicitado penas de 84 anos, anunciou que vai recorrer das sentenças.

Durante a leitura da sentença, a juíza Lúcia Glioche afirmou: “A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega. A Justiça chega para aqueles que, como os acusados, acham que jamais serão atingidos por ela”. O momento foi marcado por grande emoção no tribunal, com familiares de Marielle e Anderson em lágrimas. Marinete e Antônio, pais de Marielle, além da irmã Anielle e da filha Luyara, assim como as viúvas Mônica Benício e Ágatha Reis, se abraçaram e aplaudiram ao ouvirem as sentenças.

Parentes e amigos de Marielle e Anderson celebram a decisão do júri — Foto: Brunno Dantas/TJ-RJ

Os réus foram condenados por:

– Duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima)
– Tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao atentado e prestou depoimento no tribunal
– Receptação do Cobalt prata clonado, utilizado no crime

Além das penas de prisão, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz terão que pagar uma indenização total de R$ 3,5 milhões, que inclui:

– Pensão até os 24 anos para Arthur, filho de Anderson
– R$ 706 mil de indenização por danos morais para cada uma das vítimas, totalizando R$ 3.530.000
– Custas do processo

Ambos permanecem em prisão preventiva e não têm o direito de recorrer em liberdade. Apesar das longas penas, eles poderão sair da prisão mais cedo devido a acordos de delação premiada, que facilitaram as investigações sobre os mandantes do crime.

Pelas condições do acordo, Élcio Queiroz pode cumprir no máximo 12 anos em regime fechado, enquanto Ronnie Lessa pode ser liberado após 18 anos, com a possibilidade de um regime semiaberto após dois anos. Esses prazos começam a contar a partir da data da prisão, em 12 de março de 2019, o que significa que ambos poderão ser libertados antes do esperado, se cumprirem os termos do acordo.

Entretanto, se houver comprovação de mentiras na delação, o acordo pode ser anulado. Lessa, inclusive, recuperou a casa da família na Zona Oeste do Rio, que estava entre os bens bloqueados pela Justiça.