A sessão desta terça-feira (10) na Câmara Municipal de Sena Madureira expôs, mais uma vez, as fragilidades e contradições de um Legislativo que, ao longo dos últimos oito anos, foi marcado por alianças convenientes e pouco compromisso com o bem-estar da população. O discurso do vereador e vice-prefeito eleito, Elvis Dany, trouxe à tona um debate essencial: a tentativa clara de inviabilizar a próxima gestão, liderada por Gerlen Diniz, por meio da redução do percentual para créditos suplementares na Lei Orçamentária Anual (LOA).
Nos últimos dois mandatos do prefeito Mazinho Serafim, os mesmos vereadores que hoje retardam a votação da LOA foram os principais articuladores da aprovação de limites de crédito suplementar de até 40%. Este percentual permitiu à gestão atual administrar os recursos com ampla flexibilidade, supostamente em benefício da população. No entanto, ao analisarmos o legado deixado por Mazinho Serafim, é difícil identificar avanços reais que justifiquem tamanha permissividade.
A administração de Mazinho Serafim se encerra deixando Sena Madureira em um verdadeiro caos. O bairro da Vitória, por exemplo, ficou abandonado por quase oito anos, sem pavimentação e enfrentando lamaçais constantes, mesmo após reiteradas denúncias de moradores. Somente agora, às vésperas do fim do mandato, algumas ruas começaram a receber asfaltamento. Essa tardia tentativa de remediação não mascara o fracasso da gestão em atender às necessidades básicas da população.
É fundamental questionar: para onde foram os recursos utilizados sob a flexibilidade permitida pela LOA nos últimos oito anos? Que benefícios concretos a população viu em áreas como saúde, educação, infraestrutura e segurança pública? A resposta é alarmante: muito pouco ou quase nada. O saldo é um município mergulhado em problemas estruturais e sociais.
Os mesmos vereadores que aprovaram reiteradamente a flexibilidade de 40% para Mazinho Serafim agora se posicionam contra este percentual para a próxima gestão. Esta manobra revela não apenas uma tentativa de dificultar a administração de Gerlen Diniz, mas também uma profunda hipocrisia. Por que confiaram tanto em Mazinho, mas agora impõem restrições ao novo prefeito eleito? É evidente que essa postura não é motivada por preocupações técnicas ou administrativas, mas sim por interesses políticos mesquinhos.
Elvis Dany destacou a importância de garantir flexibilidade orçamentária para que a nova gestão possa planejar e executar políticas públicas eficazes. No entanto, a demora na votação da LOA e a redução do percentual de crédito suplementar para 10% mostram que a atual gestão e seus aliados no Legislativo estão mais preocupados em criar entraves do que em garantir uma transição tranquila e benéfica para o município.
A população de Sena Madureira merece mais do que jogos políticos que priorizam interesses individuais em detrimento do bem comum. A Câmara Municipal tem o dever de agir com responsabilidade e boa fé, especialmente em um momento tão delicado de transição administrativa. O tempo de alianças cegas e votos automáticos terminou. É hora de colocar os interesses do município acima de disputas pessoais e partidárias.
Se a próxima gestão fracassar, não será apenas por falta de recursos, mas também por culpa de um Legislativo que, em vez de contribuir para o desenvolvimento de Sena Madureira, opta por perpetuar um ciclo de inércia e negligência. É hora de virar a página e construir uma política mais responsável e comprometida com o futuro do município.