O território francês de Mayotte, localizado no Oceano Índico, foi duramente atingido pelo ciclone tropical Chido neste final de semana, deixando um rastro de destruição e centenas de mortos. As autoridades locais temem que o número de vítimas possa chegar a mil ou até mais. O ciclone, com ventos que atingiram pelo menos 226 km/h, provocou danos significativos na ilha, incluindo a destruição de casas, hospitais e infraestruturas vitais, e deixou o sistema de saúde colapsado.
De acordo com o prefeito de Mayotte, François-Xavier Bieuville, o desastre foi de proporções catastróficas, com várias áreas da ilha totalmente devastadas. O hospital da região sofreu danos severos, e os centros médicos estão fora de operação, dificultando o atendimento às vítimas. A falta de eletricidade, água e comunicação agravou ainda mais a situação, com muitas estradas bloqueadas e várias pessoas ainda presas sob escombros.
Equipes de resgate, incluindo 160 soldados e bombeiros adicionais, estão trabalhando incansavelmente para alcançar áreas afetadas, mas as condições adversas e a dificuldade de acesso complicam os esforços. O prefeito da capital, Mamoudzou, afirmou que a tempestade não poupou nada na ilha, com escolas e casas completamente destruídas. Cenas de destruição foram descritas por moradores, que relataram um cenário apocalíptico.
Além dos danos materiais, a crise é agravada pela presença de cerca de 100.000 pessoas que vivem clandestinamente em Mayotte, dificultando ainda mais a avaliação do impacto. O ex-enfermeiro Ousseni Balahachi relatou que muitos moradores não procuraram ajuda a tempo, temendo represálias para serem removidos da ilha.
O ciclone Chido, considerado excepcional, quebrou recordes de intensidade e afetou várias ilhas no Oceano Índico. Sua passagem por Mayotte foi a mais forte desde 1934. O fenômeno também atingiu Moçambique, onde causou três mortes, e a comunicação com a cidade de Pemba foi perdida.
A ajuda internacional já está a caminho. A Comissão Europeia e a Organização Mundial da Saúde (OMS) prometeram fornecer suporte às comunidades afetadas. Também estão sendo enviados aviões com suprimentos médicos e equipes de resgate para a ilha.
Enquanto as operações de resgate continuam, especialistas alertam para o impacto das mudanças climáticas, que intensificaram a força do ciclone Chido, caracterizado por águas excepcionalmente quentes no Oceano Índico. O evento coloca em evidência a crescente vulnerabilidade das regiões do Oceano Índico diante de fenômenos climáticos extremos.