O ex-sargento da Polícia Militar do Acre, Erisson de Melo Nery, foi condenado a oito anos de prisão em regime semiaberto pela morte do adolescente Fernando de Jesus, de 13 anos, em 2017. A decisão foi tomada em 22 de novembro, mas gerou revolta na mãe do jovem, Ângela Maria de Jesus, que lamenta a sentença e aponta desproporção nas ações do acusado. Outro réu no caso, Ítalo de Souza Cordeiro, foi absolvido.
Fernando foi morto com pelo menos seis tiros ao tentar furtar a casa de Nery, no bairro Areal, em Rio Branco. De acordo com a denúncia, o ex-sargento alterou a cena do crime para simular que o garoto estava armado. Testemunhas e a mãe do adolescente afirmam que ele foi deixado pelos comparsas durante a tentativa de furto e não apresentava ameaça ao policial.
“Meu filho implorou para não morrer. Ele podia ter levado o menino para a delegacia, mas optou por matá-lo a sangue frio”, afirmou Ângela.
Após o homicídio, Nery teria tirado fotos do corpo de Fernando e as compartilhado em grupos de WhatsApp. Relatos indicam que o ex-sargento lavou o corpo para encobrir provas e plantou uma arma para simular um confronto.
“Ele exibiu meu filho como um troféu. Isso não é atitude de quem deveria proteger vidas”, desabafou Ângela.
A morte de Fernando causou traumas profundos em sua família. Ângela, que já enfrentava dificuldades financeiras e sociais, relata que os três filhos mais novos desenvolvem crises de ansiedade desde o ocorrido.
Fernando, usuário de drogas desde muito jovem, foi descrito como uma criança vulnerável e facilmente manipulada. A mãe buscou ajuda no Conselho Tutelar diversas vezes, mas não conseguiu apoio suficiente.
A decisão judicial determinou a pena de oito anos em regime semiaberto para Nery, mantendo-o em liberdade até o trânsito em julgado. O tribunal considerou que a vítima, por ser menor de 14 anos, estava em plena fase de desenvolvimento e destacou o impacto emocional sofrido por sua família.
Para Ângela, a pena foi insuficiente: “Dois homens adultos tiraram a vida de um menino e ainda tentaram justificar o injustificável. É uma vergonha”.
Nery já havia se tornado conhecido em 2021 por sua relação poliamorosa, denominada “trisal”, com duas mulheres. Além disso, responde por uma tentativa de homicídio ocorrida em uma briga de bar, onde disparou contra um estudante.
A trajetória polêmica de Nery intensifica a indignação da mãe de Fernando, que busca justiça verdadeira para a morte de seu filho.