Quase 90% da população do Acre vive sem acesso à rede de esgoto, aponta estudo

Quase 90% dos moradores do Acre não são contemplados pela rede de esgoto — Foto: Aleksandro Soares/Saneacre

Um levantamento realizado pela Feira Internacional para Água, Esgoto, Drenagem e Soluções em Recuperação de Resíduos (IFAT Brasil) aponta que 89,5% dos moradores do Acre não possuem acesso à rede de esgoto, evidenciando um cenário crítico de saneamento básico no estado. Além disso, 52% da população também não é atendida pela rede de água, refletindo a precariedade na infraestrutura que afeta mais de 880 mil habitantes.

A IFAT Brasil, que reúne especialistas e investidores do setor, está programada para acontecer em junho de 2025 no Brasil. O evento tem como objetivo discutir e propor soluções para desafios como os enfrentados no Acre.

De acordo com o Instituto Trata Brasil, a capital acreana ocupa a 97ª posição no Ranking de Saneamento entre as 100 maiores cidades do país. Apenas 20,6% dos moradores de Rio Branco têm acesso ao esgotamento sanitário, e 53,5% à rede de água. O estado também enfrenta altos índices de perda de água: 56,5% na capital e 66% no estado como um todo.

No interior, a situação é ainda mais grave, já que muitos municípios não contam com nenhum sistema de saneamento implementado. Para tentar reverter esse quadro, o governo estadual, por meio do Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre), planeja investir em estudos e projetos. Um dos focos é a revitalização da Estação de Tratamento de Esgoto Redenção (ETE Redenção) em Rio Branco, que deverá beneficiar cerca de 40 mil moradores da região do Igarapé Redenção.

Investimentos previstos

Saneacre investe na revitalização da ETE Redenção, em Rio Branco — Foto: Ricardo André/Saneacre.

Segundo Daniela Tamwing, diretora de planejamento do Saneacre, a obra da ETE Redenção deve ser concluída até janeiro de 2025. No interior, a prioridade é realizar estudos para a implantação de sistemas de esgotamento sanitário em municípios como Cruzeiro do Sul, o segundo maior do estado. Com recursos de R$ 2 milhões em parceria com o governo federal, o projeto busca aumentar a cobertura de saneamento.

Além disso, o estado garantiu R$ 72 milhões no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ampliar os sistemas de abastecimento de água em diversas localidades.

Em novembro de 2024, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) notificou 20 municípios acreanos, exigindo a elaboração de planos de saneamento básico e gestão de resíduos sólidos. As prefeituras têm 180 dias para apresentar as diretrizes, sob pena de multas.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) também foi acionada para garantir a execução do Plano Estadual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, em conjunto com os municípios.

Apenas a capital possui sistema ativo

Embora dados do IBGE indiquem que Rio Branco, Bujari e Brasileia possuíam serviços de esgotamento sanitário em 2021, especialistas afirmam que apenas a capital possui um sistema funcional. O engenheiro ambiental Clautevir Lima, do Instituto Federal do Acre (Ifac), destaca que o déficit de saneamento no estado é consequência da falta de investimentos e da dependência dos municípios de recursos estaduais e federais.

Lima alerta que possuir um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) é fundamental para acessar recursos federais e melhorar a infraestrutura local. “É essencial que os gestores priorizem o saneamento, mesmo sendo uma área de alto custo e pouca visibilidade política”, concluiu o especialista.

Com informações do G1 ACRE.

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