A Polícia Civil do Acre (PCAC), por meio da Delegacia Geral de Manoel Urbano, finalizou nesta sexta-feira (21) o inquérito que investigava a morte de Estherfany Sara e encaminhou o caso ao Poder Judiciário. As investigações identificaram como envolvidos M.X.O., que alegava ser estudante de medicina na Bolívia, e o médico plantonista da Unidade Mista do município, T.L.S.
Atendimento irregular e falhas médicas
Estherfany deu entrada na Unidade Mista de Manoel Urbano no dia 10 de janeiro de 2025, apresentando pressão arterial elevada e um estado de saúde grave, que evoluiu para seguidas convulsões. A investigação revelou que ela havia dado à luz 10 dias antes e necessitava de atendimento especializado.
No entanto, o atendimento inicial foi prestado por M.X.O., que, apesar de não ser médico, já vinha atuando ilegalmente na unidade, prescrevendo medicamentos e utilizando o carimbo do médico T.L.S., seu amigo pessoal.
A Polícia Civil identificou diversas falhas no atendimento, incluindo:
- Ausência de intubação da paciente, mesmo com quadro crítico.
- Demora na administração da medicação adequada.
- Falta de encaminhamento imediato para Rio Branco, onde poderia receber tratamento adequado.
A vítima permaneceu por mais de quatro horas na Unidade Mista, um ambiente inadequado para casos gravíssimos. Quando finalmente foi transferida, já chegou a Rio Branco em parada cardiorrespiratória, tendo a morte cerebral decretada em 13 de janeiro de 2025.
Investigação e indiciamento
A delegada responsável pelo caso, Jade Dene, destacou a gravidade da situação e o empenho da Polícia Civil na apuração dos fatos.
“Reunimos provas contundentes que demonstram a materialidade do crime e a autoria dos envolvidos. Obtivemos imagens de câmeras de segurança, depoimentos de enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros servidores da unidade, além de imagens fotográficas do falso médico atendendo pacientes. Também ouvimos o médico emergencista que atendeu Estherfany em Rio Branco, e todos os elementos comprovam as irregularidades que resultaram na morte da vítima”, afirmou a delegada.
Diante das provas colhidas, a Polícia Civil concluiu que tanto o médico plantonista T.L.S. quanto M.X.O. foram negligentes e imprudentes, o que resultou na morte da paciente. Ambos foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A Polícia Civil reforçou seu compromisso com a investigação de crimes que atentam contra a vida e garantiu que atuações ilegais na área da saúde serão rigorosamente combatidas, a fim de proteger a população.