O ex-ministro José Dirceu afirma que a esquerda precisa reforçar suas alianças e indicou Luiz Inácio Lula da Silva como peça-chave para manter a estabilidade democrática e as reformas em curso.
“Ainda bem que tem o Lula, se não tivesse, querem transformar em um problema aquilo que é uma solução: a liderança, a experiência, a capacidade e a base social eleitoral que ele tem”, observou, ao defender a importância do ex-presidente.
Dirceu enfatizou que Lula é o candidato mais viável para 2026, mas ressaltou a necessidade de ampliar a base política.
“O Lula é o candidato que tem condições de garantir a democracia e dar continuidade a uma série de reformas que queremos fazer no país. Para isso, precisamos de pelo menos 200 deputados e 30 senadores. O desafio está posto para o PT, PDT, PSB, PV, PCdoB, PSOL e Rede, e também para setores do MDB e de outros partidos que compartilham de um projeto de soberania nacional e de justiça social”.
Falando ao programa Boa Noite 247, o ex-ministro destacou que o resultado da disputa dependerá de quem a direita e a extrema-direita escolherão para concorrer. Ele aposta na inelegibilidade de Jair Bolsonaro, embora o substituto ainda seja incerto.
“Bolsonaro estará inelegível. Ele sairá para o ‘tarcisismo’ ser candidato? E se não for Tarcísio de Freitas, quem será? Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Eduardo Leite? A tendência é que ganhemos a eleição, mas tudo depende da situação mundial, do desempenho do governo e das mudanças que o PT e os outros partidos precisarão fazer”.
Dirceu criticou o avanço da extrema-direita, especialmente quanto à defesa de regimes autoritários. “A extrema-direita quer uma ditadura no Brasil. É quase uma traição nacional que os bolsonaristas, particularmente seus filhos, defendam a interferência de Trump no Brasil. Amanhã, se Trump disser que a Amazônia é dos Estados Unidos, eu quero ver como vão reagir”, disparou.
Para Dirceu, a frente ampla que possibilitou a vitória de Lula em 2022 precisa ser fortalecida e ter mais estrutura.
“A frente ampla precisava ter uma sede, lideranças e declarações de apoio ao governo. Precisamos envolver aqueles que evitaram que Bolsonaro fosse reeleito, trazê-los para a luta política e para dentro do governo. Se isso não for feito, criaremos um ambiente de desesperança”.
Por fim, Dirceu destacou o enfraquecimento do PSDB e o surgimento da extrema-direita como fatores que mudaram o cenário político, reiterando a necessidade de buscar alianças amplas.
“O PT sozinho não vencerá essa eleição. Precisamos de uma aliança que não se limite à esquerda e que possa atrair setores do MDB, PSD e outros partidos. O governo precisa fazer ajustes para consolidar essa base”, concluiu.
Fonte: DCM