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EUA rejeitam plano egípcio de reconstrução da Faixa de Gaza

O governo dos Estados Unidos rejeitou um plano de reconstrução da Faixa de Gaza proposto por líderes árabes, argumentando que o projeto não condiz com a realidade da região. O plano, apresentado pelo Egito, foi aprovado por uma cúpula de líderes árabes e propõe um investimento de US$ 53 bilhões para restaurar Gaza até 2030.

A proposta egípcia sugere que o Hamas ceda o controle da Faixa de Gaza a uma administração interina, enquanto uma Autoridade Palestina (AP) reformada assumiria a governança do território. Em contraste, o presidente Donald Trump defende uma abordagem diferente, focando na expulsão dos palestinos e na transformação da área em uma “Riviera” sob domínio dos EUA. “A proposta atual não aborda a realidade de Gaza, onde os habitantes não podem viver com dignidade entre escombros e munições não detonadas”, afirmou Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

O plano do Egito inclui uma fase inicial voltada para a remoção de munições não detonadas e a limpeza de 50 milhões de toneladas de escombros. A proposta também sugere o desenvolvimento de novos projetos econômicos, como resorts e um centro de convenções, e o turismo seria incentivado, com a criação de um aeroporto e a valorização da costa mediterrânea de Gaza.

Embora a proposta tenha sido bem recebida pela maioria dos países árabes, ainda há incerteza sobre seu apoio regional. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, importantes aliados financeiros, não participaram da cúpula. A Argélia também boicotou a reunião, apontando “desequilíbrios” na organização do evento.

O plano egípcio ainda enfrenta resistência interna, principalmente do Hamas, que se recusa a negociar a entrega de suas armas. O grupo considera suas armas uma “linha vermelha” e rejeita qualquer proposta que envolva a troca de armamento por ajuda para a reconstrução. A liderança do Hamas, embora tenha mostrado disposição para discutir um processo de paz, também afirmou que não abrirá mão de seu controle sobre Gaza sem que isso seja decidido internamente pelos palestinos.

A situação de Gaza continua instável, com um cessar-fogo ainda incerto após sua primeira fase expirar no dia 1º de março. As tensões aumentaram quando Israel bloqueou a entrada de suprimentos essenciais, como alimentos e medicamentos, em uma tentativa de pressionar o Hamas a aceitar um acordo. A comunidade internacional, incluindo grupos de direitos humanos, criticou essas ações, afirmando que violam as obrigações de Israel sob o direito internacional.

Durante a cúpula, o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sissi, reiterou que a paz duradoura na região depende da criação de um Estado palestino, algo que é rejeitado pelo governo de Israel. A oposição israelense à criação de um Estado palestino continua firme, com a maioria da classe política do país apoiando um controle de segurança contínuo sobre Gaza e a Cisjordânia.