Brasil ocupa 2º lugar mundial em exploração sexual infantil, revela MPAC

O Brasil ocupa a vergonhosa posição de segundo lugar no ranking mundial de exploração sexual infantil, conforme dados alarmantes do Ministério da Saúde, divulgados recentemente pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC). A cada ano, mais de 500 mil crianças e adolescentes são vítimas desse tipo de violência no país. A maioria dos casos acontece dentro do próprio ambiente familiar, o que dificulta ainda mais a denúncia e a proteção das vítimas.

O dado foi destacado pelo MPAC como parte das ações de conscientização e enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, especialmente no mês de maio, em que se celebra o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil (18 de maio).

A maioria dos abusos ocorre no lar

Um dos aspectos mais preocupantes revelados pelos estudos é que, em grande parte dos casos, o abusador faz parte do convívio familiar da vítima — sendo, muitas vezes, pai, padrasto, tio, avô ou outro parente próximo. Isso cria um ambiente de medo, silêncio e coação, onde a criança ou adolescente não se sente segura para denunciar o agressor.

O promotor de Justiça Luiz Henrique Corrêa Rolim, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Criança e do Adolescente do MPAC, reforça a importância da denúncia e do acolhimento: “A sociedade precisa estar atenta. A criança dificilmente verbaliza o abuso, mas ela dá sinais. O papel dos adultos é observar, proteger e buscar ajuda.”

Subnotificação é um desafio

Apesar dos números já assustadores, especialistas alertam que a subnotificação ainda é um dos maiores obstáculos. Muitas vítimas têm medo ou vergonha de contar o que sofrem, e em diversos casos, a denúncia sequer é registrada. Estima-se que apenas 10% dos casos sejam oficialmente comunicados às autoridades.

“É essencial que a sociedade rompa o silêncio. A omissão é cúmplice da violência”, destacou o promotor Luiz Henrique.

Curiosidades e dados relevantes:

  • Perfil das vítimas: A maioria das vítimas tem entre 7 e 14 anos. Meninas representam cerca de 70% dos casos registrados.

  • Horários críticos: Muitos abusos ocorrem à noite ou nos finais de semana, quando a criança está sob os cuidados da família.

  • Locais mais comuns: Além do próprio lar, outros locais de risco incluem casas de vizinhos, escolas e igrejas.

  • Perfil dos agressores: Em mais de 80% dos casos, o agressor é uma pessoa conhecida da vítima, com quem ela tem relação de confiança ou afeto.

O papel da escola e da comunidade

Escolas, creches e instituições religiosas desempenham um papel fundamental na identificação e combate ao abuso sexual infantil. Professores, psicólogos e coordenadores devem estar capacitados para reconhecer sinais como mudança repentina de comportamento, isolamento, queda no rendimento escolar ou recusa em ir para determinados lugares.

“Em muitos casos, é no ambiente escolar que a vítima encontra o primeiro espaço seguro para revelar o que está acontecendo”, ressalta a pedagoga e ativista Adriana Matos, que trabalha com prevenção de abusos em escolas públicas.

Como denunciar

As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos seguintes canais:

  • Disque 100 (Direitos Humanos)

  • Conselhos Tutelares

  • Delegacias especializadas

  • Aplicativos e portais do Ministério da Justiça

Além disso, o MPAC reforça que a população deve ficar atenta e não hesitar em buscar apoio ao menor sinal de suspeita.

A importância da prevenção e do diálogo

O combate à exploração sexual infantil exige, além da punição dos agressores, uma cultura de prevenção e diálogo. Falar sobre sexualidade de forma adequada, respeitosa e educativa é essencial para que crianças e adolescentes entendam seus direitos e saibam identificar situações de abuso.

O Ministério Público do Acre, em parceria com outras instituições, vem promovendo campanhas, rodas de conversa, oficinas e formações com profissionais da educação e saúde, buscando fortalecer a rede de proteção e conscientizar a sociedade sobre o dever de proteger a infância.

A triste realidade retratada pelos dados reforça a necessidade urgente de ações efetivas, políticas públicas consistentes e, acima de tudo, do envolvimento de toda a sociedade na luta contra a exploração sexual infantil.

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