Os réus André de Oliveira da Silva e Denis da Rocha Tavares, acusados pela morte de Cauã Nascimento Silva, de 19 anos, sobrinho-neto da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, devem participar de audiência de instrução nesta segunda-feira (19), às 10h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri do Acre, em Rio Branco. Esta é, pelo menos, a terceira tentativa de realização da audiência, que já havia sido remarcada anteriormente nos dias 27 de março e 14 de maio, mas não ocorreu.
Nesta etapa do processo, serão ouvidos o Ministério Público, a defesa e as testemunhas. Após o encerramento dessa fase, caberá ao juiz decidir se os acusados irão ou não a júri popular.
A dupla foi denunciada pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) em novembro de 2024. Segundo as investigações da Polícia Civil, André de Oliveira seria o autor dos disparos que mataram Cauã, enquanto Denis Tavares teria fornecido a arma usada no crime. Ambos estão respondendo por homicídio qualificado, e a Justiça determinou a prisão preventiva de Denis.
Morte teria sido ordenada por facção
Conforme o inquérito, André é réu confesso e afirmou que recebeu ordens de uma facção criminosa para executar Cauã. A vítima teria sido vista pichando muros com a sigla de um grupo rival no bairro Taquari, onde morava havia pouco tempo.
O crime aconteceu em fevereiro de 2024. Cauã foi surpreendido dentro de casa por dois homens armados, que invadiram o imóvel e foram diretamente até o quarto onde ele estava. Ele foi baleado e morreu ainda no local. O jovem morava com a tia e outros familiares. Segundo relatos de moradores, ele não tinha envolvimento anterior com facções, mas teria começado a se associar a um grupo criminoso após a chegada da facção no bairro.
Durante a prisão de André, em setembro de 2024, os policiais encontraram uma escopeta em sua residência, localizada no Ramal do Macarrão, em Rio Branco. Na ocasião, ele já havia quebrado a tornozeleira eletrônica que usava por uma condenação anterior por posse ilegal de arma.
O delegado Cristiano Bastos, responsável pelo caso, informou que Cauã não tinha antecedentes criminais, mas estava se aproximando de membros da facção que havia assumido o controle do Taquari. Isso teria motivado sua morte por parte de integrantes da facção rival que ainda resistiam na área.
Além das imagens de pichações, a polícia encontrou uma foto em que Cauã fazia um gesto com as mãos associado ao grupo criminoso rival, o que teria reforçado a ordem de execução. A investigação continua, com a polícia apurando a possível participação de outros envolvidos.
Repercussão
Na época do crime, a ministra Marina Silva lamentou publicamente a morte do sobrinho-neto. Em publicação nas redes sociais, escreveu:
A audiência desta segunda-feira será decisiva para definir os próximos passos do processo. A expectativa é que, após essa fase, a Justiça decida se os acusados irão enfrentar julgamento pelo Tribunal do Júri.