“Queremos viver em paz!”: moradores da Cidade do Povo fazem passeata contra a violência em Rio Branco

Na tarde desta quinta-feira (1º), centenas de moradores do Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, saíram às ruas em uma passeata pacífica com um objetivo claro: pedir paz. O ato, realizado no feriado do Dia do Trabalhador, foi organizado por lideranças de igrejas católicas e evangélicas do bairro, e recebeu o apoio da Polícia Militar do Acre. O movimento simbolizou um grito coletivo contra a crescente violência que assola a comunidade.

A Cidade do Povo é frequentemente associada a altos índices de criminalidade. Considerado um dos bairros mais perigosos do Acre, o local registra recorrentes tentativas de homicídio, apreensões de armas e drogas, prisões de integrantes de organizações criminosas e assassinatos. Segundo dados da segurança pública, mais de 200 pessoas monitoradas pela Justiça atualmente residem nas quadras do conjunto habitacional.
O cenário de insegurança tem deixado a população local em constante estado de alerta. Com medo e esperança ao mesmo tempo, os moradores decidiram transformar o Dia do Trabalhador em um momento de união e resistência. Faixas com mensagens como “Queremos viver sem medo”, “Paz para nossas crianças” e “Violência não nos representa” foram erguidas durante a caminhada, que percorreu as principais ruas do bairro.

Nos últimos dias, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (SEJUSP-AC) implementou a chamada “Operação Ocupação”, com reforço policial constante em pontos estratégicos da Cidade do Povo. A operação tem como meta desarticular as ações de grupos criminosos e devolver à população a sensação de segurança. A presença mais efetiva das forças policiais tem sido vista como um passo importante, embora ainda insuficiente para transformar a realidade de forma permanente.

A passeata teve início por volta das 16h e contou com a participação de moradores de todas as idades, líderes comunitários, representantes religiosos e agentes de segurança. Durante o trajeto, músicas religiosas e palavras de encorajamento foram entoadas, criando um clima de união e fé diante das adversidades enfrentadas pela comunidade.

Para os organizadores do ato, a manifestação é um marco de resistência e um pedido por políticas públicas mais eficazes. “Não podemos normalizar a violência. Nossos jovens estão sendo aliciados, nossas famílias vivem com medo. Esta caminhada é uma semente de esperança que plantamos hoje”, declarou um dos líderes religiosos presentes.

Além do clamor por segurança, o ato também serviu como um espaço de escuta e acolhimento. Muitos moradores relataram histórias pessoais de perdas e traumas causados pela violência cotidiana. A mobilização social reforçou o apelo por investimentos em educação, cultura, esporte e oportunidades de trabalho — medidas consideradas fundamentais para a transformação do bairro a longo prazo.

A Polícia Militar, que acompanhou e garantiu a segurança durante todo o evento, reforçou o compromisso da corporação em continuar as ações de patrulhamento e combate ao crime no bairro. Segundo o comando da PM, a presença da comunidade nas ruas é uma demonstração clara de que a sociedade está disposta a lutar por dias melhores.

O movimento pacífico da Cidade do Povo ecoa como um exemplo de mobilização social em meio a um cenário adverso. A voz dos moradores, unida por um desejo coletivo de paz, demonstra que mesmo nas áreas mais vulneráveis, a esperança e a união ainda têm força para provocar mudanças.

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