Após sofrer queimaduras, bebê é transferida em UTI aérea para Manaus e servidora da maternidade é afastada

Imagem via O Juruá em Tempo.

A recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, que sofreu graves lesões na pele após um banho no Hospital da Mulher e da Criança de Cruzeiro do Sul, foi transferida nesta terça-feira (24) em uma UTI aérea para o Centro de Tratamento de Queimados de Manaus (AM). A medida foi adotada pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) diante da gravidade do caso e da necessidade de atendimento especializado imediato.

Segundo os pais, os ferimentos surgiram logo após um banho dado por uma servidora da maternidade, momentos antes da alta hospitalar. Aurora, que nasceu de parto normal e até então não apresentava nenhuma anormalidade, teve a pele das pernas e dos pés descolada. O pai, Marcos Oliveira, registrou um boletim de ocorrência relatando que a água utilizada no banho estava quente demais, o que pode ter causado as queimaduras.

Diante da denúncia, a Sesacre afastou preventivamente a servidora filmada no momento do banho. Também foi aberto um procedimento administrativo disciplinar para apurar os fatos. “O procedimento é rápido. Vamos ouvir a profissional e realizar todos os trâmites necessários”, afirmou a secretaria.

Antes da transferência, a bebê estava internada na UTI neonatal do Hospital da Criança, em Rio Branco, entubada, mas com quadro estável. Durante o voo, ela foi acompanhada pelos pais e por uma equipe médica especializada. Agora, está sob os cuidados do Centro de Tratamento de Queimados em Manaus, onde continuará o tratamento intensivo.

Paralelamente, exames foram enviados a São Paulo para investigar a possibilidade de epidermólise bolhosa, uma condição genética rara que fragiliza a pele e provoca bolhas espontâneas. O laudo definitivo pode levar até 40 dias. Apesar da suspeita, a Sesacre optou por não aguardar o resultado para garantir atendimento adequado.

“Não podemos esperar o pior para agir. Mesmo que o exame confirme epidermólise, o centro em Manaus tem estrutura para tratar esse tipo de caso. Nosso foco é preservar a vida da criança”, afirmou o secretário de Saúde, Pedro Pascoal.

O Ministério Público do Acre (MP-AC) também instaurou uma investigação para apurar o caso, por meio da Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul. O MP solicitou o prontuário médico completo da bebê, a identificação dos profissionais envolvidos e os protocolos adotados na maternidade para banho e higienização de recém-nascidos.

“Mesmo em caso de doença congênita, a vulnerabilidade do bebê exige cuidados redobrados. A ausência de tratamento adequado pode configurar negligência grave”, destacou a promotora Aretuza de Almeida Cruz.

Enquanto aguarda por respostas, a família de Aurora segue em Manaus, acompanhando o tratamento da bebê e cobrando justiça. “Estou sem chão. A minha filha está assim por causa de negligência. Só queria que um especialista tivesse visto ela desde o início”, lamentou o pai.

As investigações seguem em andamento.

Com informações do G1 Acre.

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