O Acre teve uma nova redução no número de mortes violentas intencionais em 2024, mantendo a tendência de queda pelo terceiro ano consecutivo. Segundo o Anuário da Violência, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foram registrados 179 casos no estado ao longo do ano passado — 16,7% a menos do que em 2023, quando ocorreram 214 mortes.
Com uma taxa de 20,3 assassinatos para cada 100 mil habitantes, o Acre ocupa o 15º lugar entre os estados com os maiores índices do país. Na região Norte, fica atrás apenas de Amapá, Pará, Amazonas e Rondônia. Apesar da queda, o estado ainda está ligeiramente abaixo da média nacional, que foi de 20,8.
Dados detalhados
Do total de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) registrados no estado, a maioria foi de homicídios dolosos — 164 ao todo, incluindo feminicídios — representando mais de 91% dos casos. Também foram contabilizadas quatro mortes por latrocínio (roubo seguido de morte), quatro por lesão corporal seguida de morte e 10 em decorrência de intervenções policiais.
A capital acreana concentrou quase metade dos assassinatos: foram 88 mortes violentas, sendo 80 homicídios dolosos (cinco deles feminicídios), quatro casos de lesão corporal seguida de morte e quatro por intervenção policial. Em comparação com 2023, quando houve 115 mortes violentas, houve uma redução de 23,4%.
Feminicídios
O estado registrou oito feminicídios em 2024, dois a menos que em 2023. Apesar da queda de 20,4%, o Acre teve, junto com o Paraná, a sexta maior taxa de feminicídios do país: 1,8 casos por 100 mil mulheres. O índice está acima da média nacional, que foi de 1,4.
Um dos casos que mais chocou a população foi o de Paula Gomes da Costa, de 33 anos, brutalmente assassinada a facadas em via pública em Rio Branco, em outubro de 2024. O crime ocorreu na frente da filha de apenas 6 anos. O ex-marido da vítima, Jairton — com quem ela foi casada por 13 anos e já possuía medida protetiva contra ele —, fugiu após o crime, mas se entregou semanas depois. Em janeiro de 2025, virou réu na Justiça pelo crime de feminicídio.
Queda consistente desde 2022
O levantamento do Anuário mostra que o Acre vem reduzindo gradualmente os números de mortes violentas desde 2022. A série histórica aponta que os índices estão entre os mais baixos dos últimos anos, ainda que o estado siga enfrentando desafios relacionados à violência, principalmente nas áreas urbanas e periféricas.
A tendência de queda é vista como reflexo de ações integradas entre as forças de segurança, políticas públicas e medidas de enfrentamento à violência contra grupos vulneráveis.