Agente diz que gabinete de Ramagem ordenou monitorar personal de Jair Renan

Agente diz que gabinete de Ramagem ordenou monitorar personal de Jair Renan

O agente da Polícia Federal (PF) Marcelo Araújo Bormevet, que é e ex-integrante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), afirmou que recebeu ordens vindas do gabinete do ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, para monitorar o personal trainer de Jair Renan, o filho “04” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Bormevet, réu na suposta trama golpista que o Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando, prestou interrogatório nesta quinta-feira (24/7). Ele afirmou que nunca teve acesso ao sistema FirstMile — ferramenta utilizada para monitorar autoridades —, mas contou que recebeu ordens para monitorar o personal trainer do vereador Jair Renan (PL-SC).

“Eu recebi a demanda do gabinete — não sei se foi do diretor-geral ou do assessor dele — para fazer o levantamento de veículos da família ou da pessoa do personal trainer do Jair Renan. Essa demanda foi repassada ao Giancarlo [outro réu], para levantar a placa do carro, já que ele tinha acesso ao sistema do Detran. Isso foi demandado, sim, somente esse aspecto. Eu não fui atrás de nada sobre o inquérito do Jair Renan e não fiz nenhuma diligência além disso”, declarou.

Ao ser questionado pela juíza do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Luciana Yuki Fugishita, sobre de quem partiu a ordem e o motivo da urgência — conforme identificado em mensagens interceptadas pela PF —, o agente não soube precisar.

“Ou foi da direção-geral… Creio que foi na pessoa do assessor do Ramagem. Creio que era uma resposta rápida. Não me lembro exatamente quem me pediu. Mas quem solicitou — ou o diretor-geral ou o assessor — deve ter me solicitado que fosse feito com serenidade. O nosso trabalho era pautado com muita serenidade”, disse. “Não foi dada justificativa. Mas, sei lá, acho que era para acompanhar essa pessoa”, completou.

O monitorado

Conforme mostrou o Metrópoles em janeiro do ano passado, o personal é Allan Lucena e, segundo a PF, o monitoramento ocorreu para “livrar este último [Jair Renan] de investigações já então em curso em inquérito policial”.

O monitoramento foi realizado pelo agente identificado como Luiz Felipe Barros Felix e teria ocorrido “sem causa legítima”. O chefe de Felix era Bormevet.

Réus do núcleo 4

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
  • Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
  • Guilherme Marques Almeida – tenente-coronel do Exército;
  • Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército; e
  • Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.

Segundo a PGR, os integrantes desse núcleo atuaram em frentes estratégicas de desinformação, com o intuito de minar a credibilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, além de pressionar as Forças Armadas a se envolverem no plano golpista.

Eles são acusados dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Categories: Geral
Tags: Alexandre RamagemBRASILJair Renan Bolsonaro