Quase 500 toneladas de biscoitos energéticos, produzidos para alimentar emergencialmente cerca de 27 mil crianças no Afeganistão e no Paquistão, serão destruídas nos Emirados Árabes Unidos após vencerem em um depósito da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em Dubai. O alimento, rico em calorias e nutrientes, é utilizado em contextos de emergência humanitária, quando não há acesso a refeições preparadas.
A destruição ocorre em meio à reorganização da política de ajuda externa dos Estados Unidos e ao congelamento de parte dos repasses promovido durante o governo do presidente Donald Trump. De acordo com documentos internos obtidos pela agência Reuters, atrasos logísticos e a interrupção das operações comprometeram a entrega dos alimentos antes do vencimento. Avaliados em aproximadamente 793 mil dólares, os produtos terão como destino final a incineração ou aterros sanitários, o que representará um custo adicional estimado em 100 mil dólares aos cofres públicos.
Em junho, autoridades humanitárias conseguiram redirecionar 622 toneladas do mesmo tipo de alimento para países como Síria, Bangladesh e Mianmar. A carga restante, no entanto, ficou retida sem definição de destino, apesar de alertas de parlamentares e funcionários do governo norte-americano sobre o risco de vencimento.
Produzidos à base de trigo fortificado, os biscoitos energéticos são parte dos estoques emergenciais adquiridos pela USAID, responsável por gerenciar grande parte da assistência humanitária internacional dos Estados Unidos. Segundo o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, aproximadamente 319 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam níveis graves de insegurança alimentar, sendo que 1,9 milhão vivem em condições de fome extrema, com destaque para regiões como Gaza e Sudão.