Durante as férias escolares de julho, enquanto as aulas estão suspensas, muitas escolas da rede estadual do Acre permanecem de portas abertas. O motivo? Garantir a alimentação dos alunos por meio do programa Prato Extra, que oferece refeições planejadas por nutricionistas com alimentos frescos e regionais.
A iniciativa do governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação e Cultura (SEE), tem permitido que milhares de estudantes continuem frequentando as unidades escolares, mesmo sem aulas, para garantir ao menos uma refeição completa por dia.
Na zona rural de Rio Branco, por exemplo, a Escola Manoel Machado, localizada no km 3 do Ramal São José, recebe diariamente cerca de 50 estudantes durante o recesso. Um deles é o pequeno Levy de Souza, de 7 anos. “Gosto do arroz, da carne e do suco de cupuaçu”, conta ele, que faz questão de voltar à escola na hora do almoço, mesmo nas férias.
A diretora da escola, Francisca Chagas, mais conhecida como Quinha, destaca que muitos dos alunos vêm de famílias de baixa renda e dependem da alimentação escolar. “Durante as aulas, eles têm café e almoço. E agora, graças ao governo, continuam sendo acolhidos mesmo nas férias”, diz a gestora, que atua há 21 anos na escola.
Na cidade, a realidade é parecida. Na Escola Marina Vicente Gomes, no bairro Boa União, região da Baixada do Sol, cerca de 30 estudantes também estão frequentando a unidade para almoçar. O estudante Ruan Frota não esconde a empolgação: “A comida aqui é muito boa. E agora nas férias, ficou ainda melhor. O que mais gosto na escola é comer”, brinca.
Alimentação que vem do campo
Para que os alimentos continuem chegando frescos às escolas, os agricultores familiares seguem trabalhando durante o recesso. Polpas, frutas, verduras e hortaliças são entregues semanalmente, garantindo qualidade e valorização da produção local.
Um exemplo é o agricultor Marlon de Souza, do ramal Beija-Flor, no km 19 da Estrada de Porto Acre. Ele, junto com sua família, cultiva cebolinha, chicória, couve e alface, que abastecem diversas escolas da capital. “Tenho uma filha e, fornecendo produtos de qualidade, me sinto feliz por estar ajudando a alimentar não só ela, mas os filhos de outros produtores também”, conta Marlon.
Cuidado que vai além da cozinha
Nas cozinhas escolares, o carinho também é ingrediente principal. Em cada refeição, há dedicação de quem faz questão de alimentar não só o corpo, mas também o coração dos estudantes.
Na Escola Manoel Machado, a cozinheira Helly Sampaio comanda as panelas com amor de vó. Além da neta Ana Beatriz, aluna da escola, seus três filhos também estudaram na unidade. “Estou aqui há 25 anos. Essas crianças são como filhos para mim. Faço a comida como se fosse para minha casa – ou até melhor”, diz ela, emocionada.
Na Marina Vicente, a cozinheira Maria Solângela Jucá, a Sol, resume bem o sentimento da equipe: “A gente faz com amor. Alimentar essas crianças é gratificante, e ver que mesmo nas férias elas voltam para comer aqui é muito especial”.