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Na polêmica do IOF, de que lado você está?

Imagine um professor, um policial ou um auxiliar de enfermagem. Todos eles, trabalhadores que recebem por volta de R$6.500 por mês, veem quase um terço de seu salário escorrer pelo ralo do imposto de renda: 27,5% retidos diretamente na fonte.

Agora imagine alguém que ganha R$5 milhões por mês. Essa pessoa paga, proporcionalmente, apenas 5,64% de imposto de renda.

Sim, você leu certo. No Brasil, quem tem menos paga mais — e quem tem muito, paga quase nada.

E aí, de que lado você está?

Essa pergunta não é retórica. Ela define a forma como enxergamos a justiça fiscal, o papel do Estado e, principalmente, o valor que damos à igualdade. Por décadas, criamos e sustentamos um sistema tributário perverso, onde 90% da população — a esmagadora maioria dos brasileiros — sustenta quase tudo o que é arrecadado com o imposto de renda. Enquanto isso, o 0,2% mais rico, que ganha acima de R$100 mil por mês, contribui com apenas 2,5%.

O resultado? Um abismo: 1% da população detém 63% de toda a riqueza do país, enquanto metade do povo brasileiro tem acesso a apenas 2% da riqueza nacional. E ainda tem gente — muita gente — defendendo que já se paga imposto demais. Mas… quem paga?

A proposta do governo Lula de isentar do imposto de renda todos que ganham até R$5 mil — e reduzir para quem ganha até R$7 mil — é uma tentativa tímida, mas justa, de reequilibrar essa balança. Para isso, é preciso aumentar o imposto de uma minúscula fatia da população: aqueles que têm lucros milionários, aplicações financeiras agressivas, empresas de fachada e toda uma máquina tributária a seu favor.

E mesmo assim, há quem seja contra.

A mídia que ecoa os interesses dos mais ricos, o Congresso que reluta em votar o projeto, e até mesmo o trabalhador comum que, desinformado, compra a narrativa de que “vão aumentar os impostos” — sem perceber que a conta continuará sendo paga por ele, se nada mudar.

Este editorial não é um panfleto ideológico. É um chamado à lucidez.

Porque não se trata apenas de política. Trata-se de justiça.

Quem vive de salário, paga. Quem vive de lucro, foge. E enquanto a classe média se sacrifica em silêncio, os verdadeiros privilegiados seguem ditando as regras — inclusive sobre o que você deve pensar.

Reflita. Informe-se. Questione. Não se deixe enganar por quem já tem tudo e ainda quer mais — às custas do seu suor.

Afinal, a pergunta continua:

De que lado você está?

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