Em uma escalada sem precedentes nas relações entre Washington e Brasília, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou nesta quarta-feira (30/7) uma nova rodada de sanções comerciais contra o Brasil. A medida, que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, totalizando 50%, entrará em vigor no dia 6 de agosto e foi anunciada como resposta a condutas do governo Lula que, segundo a Casa Branca, ameaçam de forma “incomum e extraordinária” a segurança, os interesses econômicos e a política externa norte-americana.
A decisão foi formalizada por meio de uma ordem executiva que invoca a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, e alinha o Brasil a países historicamente tratados como adversários dos EUA, como Irã, Venezuela e Cuba. Segundo o comunicado oficial, as ações recentes do governo brasileiro configuram “graves abusos de direitos humanos”, especialmente no que diz respeito à atuação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Veja as fotosAbrir em tela cheia O presidente Donald TrumpReprodução: CNN Lula ao telefoneFoto: Agência Gov Donald TrumpReprodução: YouTube Luiz Inácio Lula da Silva (PT)Reprodução: © Marcelo Camargo/Agência Brasil Alexandre de MoraesReprodução: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Voltar
Próximo
Leia Também
Política
Senador dos EUA pode barrar tarifa de Trump contra o Brasil se medida for formalizada
Política
Senadores tentam negociar tarifaço de Trump a quatro dias do início da cobrança
Política
Trump rompe novamente com Unesco e anuncia nova saída dos EUA da agência da ONU
Política
Lula sinaliza aproximação com China após aumento de tarifas dos EUA: “Quem pagar mais”
No centro da justificativa está a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusado pelo governo norte-americano de impor censura, perseguir adversários políticos e coagir empresas de tecnologia com ordens judiciais. A Casa Branca afirma que, ao não cumprir determinações da Justiça brasileira, empresas dos EUA foram punidas com multas, ameaças de processos criminais e até bloqueios financeiros. Um exemplo citado foi o congelamento de ativos de uma dessas companhias, além do processo criminal aberto contra o blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, declarou a Casa Branca.
Além do aumento tarifário, a medida inclui restrições diplomáticas. Vistos de entrada nos Estados Unidos foram revogados para ministros do STF como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Flávio Dino. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi incluído na lista. Já os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora das sanções.
A retaliação gerou forte reação em Brasília. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm buscado alternativas diplomáticas para reverter a decisão, ao mesmo tempo em que estruturam um plano de contenção para os impactos econômicos. Segundo interlocutores do governo, o presidente Lula está disposto a conversar diretamente com Trump, caso haja sinal verde da Casa Branca.
Na semana anterior à assinatura do decreto, Lula já havia criticado a postura do republicano e afirmou que Trump “não queria conversar”.
O comunicado oficial dos EUA também destacou a atuação do STF brasileiro contra redes sociais ligadas ao ex-presidente norte-americano. A suspensão da Truth Social e da Rumble foi apontada como censura institucionalizada. Ambas foram retiradas do ar por descumprirem exigências da legislação brasileira, como o registro de representante legal no país.