Um registro raro e encantador de botos-cor-de-rosa brincando com uma bola em um rio do município de Novo Airão, no interior do Amazonas, viralizou nas redes sociais nesta semana. As imagens foram captadas pelo fotógrafo e guia turístico Edson Neto, que compartilhou a cena a partir de um flutuante em uma das praias da cidade.
Nas imagens, os botos aparecem empurrando e tentando morder uma bola com o focinho, em um comportamento lúdico e curioso. Segundo Edson, que cresceu em Novo Airão, o momento foi especial e inédito, mesmo para quem convive com esses animais há anos.
“É maravilhoso. Minha infância foi brincando com os botos aqui na praia de Novo Airão. Sempre estou nas ilhas, mas nunca tinha visto essa interação com um objeto que não é da natureza. O boto é um símbolo da nossa cidade”, contou o fotógrafo ao portal g1.
Especialista explica o comportamento
Para entender o comportamento dos animais, o g1 também ouviu o biólogo Gabriel Oliveira, doutorando em Biologia Aquática pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Segundo ele, o que se vê no vídeo é um comportamento raro, mas não agressivo, e está relacionado à curiosidade natural dos botos, não a estímulos sexuais.
“Ao analisar o vídeo, não me parece um comportamento sócio-sexual — como o carregamento de objetos para atrair fêmeas, já descrito para essa espécie. Trata-se de uma brincadeira entre dois indivíduos. Eles são animais extremamente curiosos. Na natureza, é comum vê-los brincando com sementes, galhos ou pedaços de madeira”, explicou.
Gabriel também destacou que a cooperação entre machos adultos da espécie é incomum, pois geralmente competem entre si por fêmeas. A interação vista no vídeo pode envolver botos com algum grau de parentesco.
“Machos adultos normalmente não cooperam. Então, pode ser uma relação entre parentes, uma associação não agonística [sem disputa ou agressividade]”, acrescentou o pesquisador.
Sobre o boto-cor-de-rosa
O boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) é o maior golfinho de água doce do mundo e habita os rios da bacia amazônica. Pode atingir até 2,5 metros de comprimento, pesar cerca de 200 quilos e viver até 50 anos. As fêmeas alcançam a maturidade sexual por volta dos 10 anos e dão à luz um filhote após gestação que dura entre 12 e 13 meses. O filhote permanece com a mãe por cerca de três anos.