Nos últimos meses, muito vem acontecendo de novo na política brasileira. Esta semana, por exemplo, foi marcada por episódios que escancararam os principais embates enfrentados pelo Brasil contemporâneo: a disputa por soberania diante de pressões internacionais, a urgência de proteger crianças da exploração nas redes sociais e o avanço das instituições na responsabilização de figuras políticas. Em meio a uma crise comercial com os Estados Unidos, o país se viu atravessado por debates que tocam diretamente nos pilares da democracia, da proteção social e da atuação estatal no cenário global.
O portal LeoDias separou as cinco principais pautas que movimentaram a semana do dia 10 a 16 de agosto. Confira.
Veja as fotosAbrir em tela cheia “Não vamos chorar se EUA não quiser comprar”, diz Lula sobre exportaçõesReprodução: Canal Gov O presidente Donald TrumpReprodução: CNN Hytalo SantosReprodução: Instagram Felca vence processor judiciais contra redes sociais e entra com ação contra mais de 200 perfisFoto: Reprodução/Felca Jair BolsonaroFoto: Ton Molina/STF
Alexandre MoraesReprodução: TV Justiça Eduardo Bolsonaro e o pai, Jair BolsonaroFoto: Pozzebom/Agência Brasil COP 30Reprodução: Internet
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Hytalo Santos se pronuncia pela 1ª vez após vídeo de Felca o acusar de sexualizar menores
Retaliações dos EUA e pacote de socorro a exportadores
O Brasil enfrentou uma escalada de tensão comercial com os Estados Unidos, que impuseram tarifas de até 50% sobre vários produtos exportados pelo país. Em resposta, o governo federal lançou na quarta-feira (13/8) o pacote “Brasil Soberano”, com linha de crédito de R$ 30 bilhões, além de seguro-exportação, prorrogação de créditos fiscais e compras governamentais, para apoiar produtores afetados.
Apesar da pressão externa, o presidente Lula descartou retaliar com tarifas, defendendo busca por mercados alternativos como China, Índia, Rússia e África do Sul. “É mentira quando o presidente norte-americano diz que o Brasil é um mau parceiro comercial. O Brasil é bom, só não vai ficar de joelho para o governo americano”, afirmou Lula em um evento em Pernambuco na quinta-feira (14/8). A estratégia busca equilibrar a defesa da produção nacional com a preservação das relações diplomáticas.
Mobilização nas redes sociais contra sexualização infantil
A denúncia do influenciador Felca sobre a “adultização” e exploração sexual de crianças nas redes sociais causou grande impacto. Em seu vídeo viral, publicado originalmente no dia 6 de agosto, o youtuber expôs casos envolvendo influenciadores como Hytalo Santos e chamou atenção para o “algoritmo P”, que impulsionaria conteúdo impróprio para menores.
As repercussões foram expressivas: o número de denúncias de violência sexual online contra menores disparou, com 243 registros feitos em apenas 11 dias de agosto, comparado a 18 denúncias antes da divulgação do vídeo, segundo dados levantados pelo portal CNN Brasil.
Com a repercussão da denúncia de Felca, senadores propuseram uma CPI para investigar influenciadores e plataformas que contribuam para a sexualização infantil na internet. O requerimento, apresentado por Damares Alves (Republicanos/DF) e Jaime Bagattoli (PL/RO), contou com a assinatura de 70 senadores e já foi protocolado no Senado Federal.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado também convidou Felca para prestar depoimento sobre o tema, sinalizando urgência em aprofundar o debate.
No Congresso, a mobilização foi intensa. A Câmara registrou ao menos 35 projetos de lei relacionados à proteção de menores, com foco em proibir a monetização de vídeos envolvendo crianças, criminalizar a “adultização” ou sexualização digital, e exigir medidas das plataformas digitais.
O presidente da Casa, Hugo Motta, anunciou a formação de um grupo de trabalho e prometeu pautar com urgência o projeto mais avançado, de autoria do deputado Alessandro Vieira (MDB/SE), que já estava pronto no Senado e prevê medidas robustas contra a exploração infantil online. Além disso, o deputado Rodrigo Valadares (União/SE) propôs outra CPI na Câmara e tenta acelerar o processo de assinaturas, como afirmado em entrevista ao portal LeoDias.
A repercussão também trouxe riscos pessoais ao influenciador. Após a denúncia, Felca afirmou ter sofrido ameaças e passou a se deslocar com carro blindado e segurança. Apesar disso, ele segue transformando seu canal em plataforma de debate. Conhecido por criticar com ironia as chamadas “lives NPC” e questionador das apostas online, Felca demonstrou, novamente, seu poder de mobilização política.
Avanço jurídico: Supremo solicita agendamento do julgamento de Bolsonaro
A Justiça brasileira deu mais um passo decisivo nesta semana com o ministro Alexandre de Moraes pedindo formalmente o agendamento do julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de conspirar contra as instituições democráticas após as eleições de 2022. A solicitação foi encaminhada ao ministro Cristiano Zanin, que lidera o colegiado encarregado do caso. Na sexta-feira (15/8), Zanin marcou para 2 de setembro a primeira sessão do julgamento.
Essa etapa representa mais um marco numa sequência de tramitações judiciais. Bolsonaro, que nega envolvimento em qualquer tentativa de golpe, já enfrenta prisão domiciliar e está impedido de concorrer a cargos públicos até 2030.
Eduardo Bolsonaro em Washington: alerta sobre sanções adicionais
A ofensiva diplomática não ficou restrita ao governo Lula. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, viajou a Washington para pressionar a Casa Branca e pedir sanções contra autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes. Ele alertou sobre possíveis novas tarifas e sanções caso o Brasil não reverta o “assédio” jurídico contra seu pai.
Na mesma linha, Donald Trump denunciou o que chamou de “execução política” contra Bolsonaro e defendeu a imposição de medidas mais duras, uma retórica que intensificou ainda mais a crise institucional entre os dois países.
Regulação das redes sociais pronta e a COP30 com data definida
Em entrevista à rádio BandNews, o presidente Lula confirmou que o Brasil já tem pronta uma proposta de regulação das redes sociais, que será enviada ao Congresso. O pacote busca lidar com desinformação, discurso de ódio e neutralidade de plataformas digitais. Lula também aproveitou para convidar o presidente dos EUA, Donald Trump, à COP30, a Conferência do Clima que será sediada em Belém, no Pará.
A escolha de Belém como sede da conferência enfrentou críticas sobre infraestrutura e logística, mas o governo brasileiro reafirmou que seguirá adiante com a organização do evento, previsto para reunir líderes globais em novembro.