Aline Fanju estreia monólogo no Rio: “Radicalidade de se apaixonar”

Aline Fanju, atriz com diversos trabalhos entre Globo e Record, além do cinema, estreia dia 3 de setembro seu primeiro monólogo, “Paixão simples”, no Teatro Gláucio Gill, no Rio de Janeiro. A atriz também se prepara para as gravações da nova temporada da série policial “Arcanjo Renegado”, sucesso do Globoplay.

Em conversa com a coluna, ela explica que “Paixão simples”, título do espetáculo, é um dos livros de Annie Ernaux mais aclamados pelos leitores e pela crítica.

“Hoje em dia, tem conquistado, inclusive, uma horda de leitoras extremamente jovens e apaixonadas pela obra. O espetáculo é ambicioso porque se compromete em fazer jus ao livro e dar conta da radicalidade da experiência de se apaixonar. Ele esmiúça o estado de enamoramento absoluto que essa mulher experimentou quando, já divorciada e mãe de dois filhos crescidos, viveu por um homem casado e ausente na sua entrega. Estou em cena entregue com intensidade a essa montagem vibrante, linda, apaixonada, mas que fala também dessa solidão feminina, desse estado de abandono que vivemos em muitas instâncias na vida e que geralmente tem um homem em sua origem”, detalha.

O espetáculo surgiu de uma conversa da atriz com Pablo Sanábio sobre o mercado de trabalho e suas misoginias e etarismos.

“Dias depois ele me propôs esse projeto e, desde então, estamos aqui, de mãos dadas, batalhando arduamente para fazê-lo acontecer. Chegou a hora!”.

Você tem anos de carreira. Por que só agora um monólogo?

AF – Acho que se propor fazer um solo, não é uma decisão fácil. Requer uma maturidade cênica e emocional. O que você tem para oferecer é a sua presença, o seu corpo inteiro entregue, sua voz. É uma exposição tremenda. Uma combinação direta com o público, uma responsabilidade. Claro que essa é a minha régua, a minha baliza. Estou me desafiando em lugares nunca dantes navegados por mim. Desafiador. Desgastante e apaixonante.

Como enxerga esse novo protagonismo feminino nas artes?

AF – Esse movimento é imprescindível e urgente. Só tomando as rédeas da nossa própria trajetória é que vamos conseguir mudar o cenário que é tão machista e patriarcal. Produzir nossos projetos, escrever as nossas próprias histórias, é o caminho.

Além do teatro, você vai começar a gravar a 5ª temporada de Arcanjo Renegado, do Globoplay. Como é conciliar teatro e audiovisual?

AF – Às vezes, é difícil! Já passei por poucas e boas por conta de viagem com peça e roteiros de novela que mudam em cima da hora. Mas, nesse caso, o universo conspirou a favor e começo a gravar quando já estiver no meio da temporada e com datas organizadas em dias que não faço a peça. Agora, o desafio de sempre é se despir de uma personagem para dar vida a outra. São bem diferentes. Eu amo o que faço. Nada me faz mais feliz do que viver essa espécie de caos.

Você já aparece na 4ª temporada de Arcanjo Renegado, que será lançada ainda este ano. O que pode adiantar sobre o projeto?

AF – O nome da minha personagem é Sônia e ela entra no núcleo pessoal do personagem de Tatsu Carvalho, que faz o Antônio. Vai ser surpreendente e trará novas perspectivas para o personagem dele e provocações interessantes para o julgamento do público.

O que ainda sonha em fazer na carreira?

AF – Ah… muita coisa. Acho que desejo bons personagens para uma mulher de mais de 40 anos. Um universo tão rico e tão intenso que é bem pouco retratado e representado.

Serviço:

O romance “Paixão Simples” traz a atriz Aline Fanju em seu primeiro monólogo, no papel da escritora francesa vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2022, Annie Ernaux, que relata a sua paixão – e a espera – por um homem estrangeiro, casado, cujo nome nunca é revelado. Direção e dramaturgia de Alessandra Colasanti e idealização de Pablo Sanábio.

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