Essa prática criminosa tem afetado diretamente iniciativas de desenvolvimento sustentável na região. Um dos casos mais emblemáticos é o da cadeia produtiva do pirarucu em Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. A proposta, que buscava incentivar a pesca legal e gerar renda para as comunidades ribeirinhas, precisou ser suspensa pelo governo federal devido ao risco representado pelo narcotráfico.
“Havia vulnerabilidade das pessoas envolvidas, que tinham medo de sofrer represálias do crime organizado”, afirmou Marta Machado, secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, em entrevista recente.
Em julho, a Polícia Militar do Amazonas apreendeu 23 quilos de entorpecentes escondidos em cargas de peixe. Outras operações revelaram o uso de vísceras de peixe, porões de barcos e até paredes falsas nas embarcações como esconderijo. As drogas, muitas vezes originárias do Peru e da Colômbia, seguem por rotas internacionais que incluem os estados do Pará e Amapá, com destino à Europa e à África.
Além do impacto direto na segurança pública, o avanço do tráfico de drogas tem provocado efeitos colaterais devastadores: aumento do desmatamento, do garimpo ilegal em áreas protegidas, e ameaças ao turismo e à integridade de comunidades ribeirinhas e indígenas.
Para combater o problema, o Ministério da Justiça estuda reforçar a fiscalização, prevenir o aliciamento de moradores pelas facções criminosas e investir em alternativas de renda sustentável que não coloquem em risco a vida das populações locais.