O funk lota festivais, lidera rankings de streaming e rende lucros milionários. Mas a ascensão comercial do gênero não significou, necessariamente, reconhecimento justo para quem o construiu. O mercado abriu as portas, mas nem sempre o palco.
O funk brasileiro hoje está presente em novelas, comerciais e playlists populares. Sua estética influencia moda, comportamento e linguagem. Mas mesmo com esse alcance, muitos artistas relatam ainda ser tratados como intrusos em um espaço que ajudaram a criar.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Rapper Japão VielaRapper Japão Viela/Reprodução Rapper X, líder do Câmbio NegroDivulgação O funkeiro tem 26 anos de idadeReprodução: Instagram/MC Daniel
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Japão Viela, em entrevista ao portal LeoDias, aponta a seletividade no reconhecimento: “Muitos dos que investem no trap e no funk são empresários que jamais pisaram num barraco. Usam nossa cultura como produto, mas ignoram nossa história.”
A apropriação estética sem pertencimento social é um fenômeno amplamente discutido por estudiosos da cultura. Segundo especialistas, há uma espécie de fetichização da periferia, onde se consome sua imagem, mas não se compartilha sua vivência nem suas dores.
Isso cria uma contradição: o funk é celebrado como entretenimento, mas seu conteúdo é censurado; seus artistas são promovidos, mas não plenamente aceitos.
Em entrevista ao portal LeoDias, o rapper x, líder do grupo Câmbio Negro, disse que vê riscos nessa nova fase: “Hoje tem espaço, tem visibilidade, mas é preciso cuidado para não cair na mesmice. A indústria gosta de fórmula. Se repetir muito, perde a essência.”
A ascensão comercial não resolveu a desigualdade de base. Enquanto os números de visualizações crescem, o preconceito ainda se atualiza. O funk venceu em visibilidade, mas continua em disputa por legitimidade.