No dia seguinte à megaoperação que mirou um esquema do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvendo postos de gasolina e lavagem de dinheiro por meio de fintechs, ao menos 22 carretas de empresas alvo da investigação, carregadas com combustível, foram abandonadas em Camaçari, na Bahia, nesta sexta-feira (29/8).
Um vídeo mostra os veículos estacionados em um posto de gasolina na cidade baiana. Veja:
De todos os conjuntos, 13 pertencem à G8Log, empresa de fachada usada para “ocultar e blindar a frota de veículos e para a lavagem de capitais”, segundo a investigação realizada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Receita Federal.
A G8Log pertence a Mohamad Hussein Mourad, apontado como “epicentro” das operações fraudulentas com combustíveis. Ele também é o verdadeiro dono da formuladora Copape e da distribuidora Aster, junto de Roberto Augusto Leme da Silva, indicado como outro “cabeça” do esquema.
Entenda esquema do PCC envolvendo combustíveis e fintechs
- A investigação, que resultou na megaoperação deflagrada na manhã desta quinta em oito estados brasileiros, aponta um complexo esquema de fraude em postos de combustíveis e fintechs.
- A estrutura criminosa tinha núcleos comandados pelo PCC.
- A fraude começava na importação irregular de metanol, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná.
- O produto, que era para ser entregue para empresas de química e biodiesel indicados nas notas fiscais, era desviado para postos de combustíveis.
- Nos postos de combustíveis, o metanol era adicionado à gasolina e vendido ao consumidor final.
- Segundo as autoridades, a fraude era tanto quantitativa, porque o consumidor recebia menos combustível do que pagava, quanto qualitativa, uma vez que o metanol está fora das especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
- Os lucros obtidos no esquema de fraude era realocado em uma complexa rede de “laranjas”, principalmente em shell companies, fundos de investimento e instituições de pagamento.
- As transações financeiras eram feitas por meio de fintechs controladas pelo PCC.
- Segundo a investigação, as fintechs operavam com contabilidade paralela, permitindo transferências entre empresas e pessoas físicas sem que os beneficiários finais fossem identificados.
- Segundo a Receita Federal, cerca de mil postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
- Parte deste dinheiro foi usado pela facção para comprar usinas, distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.
- De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, os donos de postos de gasolina venderam seus estabelecimentos para integrantes do PCC.
- Alguns deles não receberam os valores da transação e foram ameaçados de morte caso fizessem qualquer tipo de cobrança.