Opinião: A blindagem da Globo e a vitória silenciosa de Cauã Reymond em crise com Bella Campos

Opinião: A blindagem da Globo e a vitória silenciosa de Cauã Reymond em crise com Bella Campos

No início da polêmica entre Cauã Raymond e Bella Campos nos bastidores de “Vale Tudo”, o cenário parecia ameaçador para o galã. Detalhes sobre a relação dos dois e histórias de um passado desconhecido do intérprete do malandro César Ribeiro pintaram o ator como alguém difícil de lidar nos sets de gravação. Bella fez reclamações diretas à direção, outras atrizes lançaram indiretas, e rapidamente surgiu um histórico problemático a respeito dele. Para qualquer ator, esse é um terreno perigoso — ainda mais quando o embate se coloca entre um homem veterano e uma atriz jovem, com vozes femininas reforçando o coro da crítica.

Mas Cauã fez o que poucos conseguem fazer em situações assim: não reagiu. O silêncio, nesse caso, não foi omissão, mas cálculo. Ele não respondeu, não rebateu, não se deixou contaminar pelo tom de ataque. Em vez de partir para a defesa ou para o contra-ataque, preferiu se manter numa postura pública de leveza e simpatia. Nas entrevistas que vieram, mostrou-se risonho, acessível, sem ironias ou deboches. Jogou parado. E, nesse jogo, quem tinha mais a perder era justamente a novata que o denunciou.

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O fator decisivo, no entanto, foi a Globo. A emissora não lavou as mãos — ao contrário, abraçou seu galã. Colocou Cauã em programas de peso, como “Altas Horas”, “Lady Night” e “Domingão com Huck”, reforçando a imagem de ator querido e confiável. Essa blindagem foi o recado mais claro: Cauã Raymond é patrimônio da casa, peça central de sua dramaturgia, e não seria descartado por ruídos de bastidores. Na prática, a Globo tomou partido — e, quando a maior emissora do país endossa alguém, a balança da opinião pública pesa a favor dessa pessoa.

O resultado é que a crise se dissolveu. Bella Campos saiu com menos força do que entrou, e Cauã, ao contrário, saiu até maior. Mesmo com atrizes se manifestando em solidariedade a Bella, a narrativa não se sustentou. E não porque as vozes femininas não tenham peso — mas porque, na disputa de capitais simbólicos, Cauã já tinha construído um histórico que falava mais alto. O público prefere acreditar no galã consolidado, carismático e “do bem” que aparece aos domingos na Globo do que em uma novata que ainda busca espaço e não tem lá uma boa fama nos bastidores da emissora.

O caso mostra algo incômodo, mas real: nem todas as crises de imagem jogam em campo equilibrado. Há trajetórias que blindam, há instituições que sustentam, e há estratégias — como o silêncio — que funcionam melhor para quem já tem crédito acumulado. Cauã não venceu essa disputa apenas por ser simpático. Venceu porque soube deixar seu histórico e a Globo falarem por ele.

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