Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (14), indica que 51% dos brasileiros aprovam a prisão domiciliar imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O levantamento também mostra que 53% da população considera que o magistrado vem agindo dentro da lei nas decisões que têm como alvo o ex-mandatário, réu em processos que envolvem crimes relacionados a uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A sondagem foi realizada nos dias 11 e 12 de agosto, com 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 113 municípios, e tem margem de erro de dois pontos percentuais. Entre os entrevistados, 42% desaprovam a medida, 4% não souberam opinar e 3% se mostraram indiferentes.
A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada no último dia 4 de agosto, após ele descumprir medidas cautelares ao participar, de forma virtual, de um ato político em sua defesa, mesmo proibido de se manifestar por meio de redes sociais de terceiros. O julgamento sobre o caso está previsto para começar em setembro.
A pesquisa também revela nuances regionais e geracionais no apoio à medida. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o apoio à prisão sobe para 60%. Já no Sul do país, tradicional base bolsonarista, 51% consideram a decisão injusta e 43% a aprovam.
Apesar do apoio majoritário, a população mantém uma percepção de parcialidade: 43% acreditam que o Judiciário trata Bolsonaro de forma mais dura que outros políticos, 37% veem tratamento igual e 13% consideram que ele é tratado de maneira mais branda.
O caso também gerou repercussão internacional. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado ideológico de Bolsonaro, reagiu à decisão de Moraes impondo sanções econômicas, incluindo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, cassação de vistos de ministros do STF e inclusão de autoridades brasileiras em uma lista de sanções sob a Lei Magnitsky. No entanto, 53% dos brasileiros discordam da narrativa de “perseguição” e apoiam a atuação do ministro. Apenas 39% veem Bolsonaro como alvo de uma caça política, enquanto 7% não se posicionaram.
O levantamento ainda mostra divisão sobre uma eventual prisão em regime fechado: em pesquisa realizada no fim de julho, 48% defendiam a detenção, 46% eram contrários e 51% acreditavam que ela não se concretizaria ao final do processo. Entre as medidas cautelares já impostas, que incluem restrições de deslocamento e comunicação, 55% da população se diz favorável.
Mesmo diante da polarização política e de pressões externas, a maioria da população mantém apoio às ações do STF e considera adequada a contenção judicial de Bolsonaro enquanto o processo segue para julgamento.