Pioneira do hyperpop no Brasil, cantora Nina Fernandes fala do estilo que virou trend com Charli XCX e Katseye

Pioneira do hyperpop no Brasil, cantora Nina Fernandes fala do estilo que virou trend com Charli XCX e Katseye

A nova tendência da música pop mundial é o exagero. O movimento, conhecido como maximalista, se desdobra em correntes como o hyperpop e a PC Music. Lá fora, artistas como Charli XCX, Katseye e Camila Cabello vêm se destacando no gênero. No Brasil, quem assume o pioneirismo é Nina Fernandes, que tem conquistado cada vez mais espaço no cenário global. Em entrevista ao portal LeoDias, a jovem artista contou como se conectou com o estilo e quais são seus próximos passos após o ousado “Bhangzwm”.

O disco, que foi destaque na última edição do Rock In Rio, veio ainda antes da era “Brat”, que moldou a cultura pop em 2024. No “Bhangzwm”, Nina foi influenciada por Charli XCX, prevendo o movimento que ganharia o mundo.

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“Em 2020, eu comecei a ouvir mais hyperpop e future pop. Foi quando descobri a Charli XCX e a Sophie, que marcaram muito esse período pra mim. Lembro de ouvir pela primeira vez o “How I’m Feeling Now” e sentir que aquilo realmente mudou minha vida. O trabalho da SOPHIE também me impactou bastante, abriu um universo novo pra mim. A partir dessas descobertas, cheguei ao A.G. Cook e mergulhei de vez nesse mundo do hyperpop e do maximalismo, que hoje parece ter tomado conta da cena”, disse Nina.

Nina alcançou muito sucesso logo no primeiro single, com “Cruel”, em 2017. A canção possui características mais próximas da MPB e do folk, com pegada acústica e um som bucólico. Após se conectar com o que mais tinha de descolado no pop alternativo, decidiu mudar de rumo em 2023.

“Descobrir essas influências me deu vontade de trazer um pouco mais de maldade para o meu trabalho. Sempre fui da sofrência, mas acho que esse tipo de som olha para o sofrimento por amor de uma forma quase sarcástica”, afirmou.

Em casa, teve referências diversas. Sua mãe a ensinou a ouvir Marisa Monte e Gal Costa e seu pai, por outro lado, apresentou Joni Mitchell, Norah Jones e Peter Gabriel. Isso a formou como uma artista mais pé no chão e até “pé no mato”, embora tenha crescido em São Paulo, no caos urbano.

“Por isso, minhas referências têm esse lado bucólico, rural, que não necessariamente condiz com minha origem urbana. Talvez por isso o ‘Bhangzwm’ seja o disco que mais conversa com essa parte de mim”, disse.

“Eu tinha muita vontade de ouvir minhas próprias músicas e realmente me divertir com elas. Sempre gostei de escrever sobre o meu sofrimento e de usar minhas canções para elaborar isso. Mas o álbum chega num momento em que eu quero me libertar desse lugar, sabe? Não ser sempre a que elabora a dor. A própria expressão ‘Bhangzwm’ é inventada, criada para representar uma alegria que, de certa forma, não existe”, complementa.

Essa busca por si mesmo foi, primeiramente, um experimento. E o projeto foi tomando forma.

“Esse álbum surgiu como um experimento. Em 2021, eu tinha lançado um disco em folk, no formato que já estava acostumada: músicas prontas, gravadas e finalizadas. Quando terminei, passei por aquele processo comum, quase como parir um filho e depois ter que soltá-lo para o mundo. Só que eu queria continuar criando, mas de um jeito diferente”, afirmou.

Dentre as características do hyperpop, estão a irregularidade melódica, o uso de sons sintéticos e o caos harmônico como conceito. Para quem gosta, é genial. Para quem não curte, é bateção de panela. E para quem produz, é um desafio.

“Nessa época, conheci o Daniel Soares, que acabou se tornando um dos produtores do álbum. Ele é músico, entende muito de tecnologia e de música, mas não é produtor de profissão — na verdade, ainda faz faculdade de engenharia elétrica. Ele gosta de construir sintetizadores, e a gente se aproximou por acaso. Decidimos compor juntos apenas por diversão. Eu queria redescobrir o prazer de fazer música. Foi um processo desafiador, porque dessa vez fiz o caminho inverso: primeiro produzimos, depois eu fui entendendo sobre o que as músicas falavam”, disse Nina.

Dentre os hits do Hyperpop nos últimos anos, exemplos não faltam. “Gnarly”, do Katseye. “I Luv It”, de Camila Cabello e Playboi Carti. “Party 4 u” de Charli XCX. Todas essas canções têm algo em comum: a descontração. Objetivo de Nina no “Bhangzwm”.

“Acho que ‘Bhangzwm’ pode ser definido como um álbum extrovertido. Apesar de ser mais divertido que os anteriores, considero-o também mais maduro. Talvez porque tenha a ver com me reconectar com o que eu sou por natureza. Comecei a mirar no que é estranho, a aceitar esse lugar do estranho. Ser artista também é isso: se descobrir esquisito. Muitas vezes, artistas femininas acabam vistas em duas categorias: ou a fofa, doce, ou a diva sensual. Nossa geração está questionando esses polos. E se for um pouco dos dois? E se houver beleza, doçura, mas também algo desconfortável, uma estranheza acontecendo?”, questionou.

Depois de prever o som que ganharia o mundo, Nina dá detalhes sobre o próximo álbum. Ainda hyperpop, mas um pouco mais controlado e com sons orgânicos.

“No momento, já temos cerca de 20 músicas em andamento. Até o fim do ano quero selecionar as favoritas para pensar no lançamento do próximo disco em 2026. Mas, por enquanto, meu foco é criar o máximo possível de forma livre”, finaliza.

Categories: ENTRETENIMENTO
Tags: Charli XCXhyperpopMúsicanina fernandes