Alguns dos postos que estão sob suspeita das autoridades na operação Carbono Oculto, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28/8) contra um esquema milionário envolvendo postos de gasolina e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), vendiam combustíveis com até 90% de metanol, segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
O montante é muito superior à porcentagem permitida pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que determina um limite de até 0,5% dessa subtência na gasolina e no etanol.
“O metanol tem restrição na ANP para conter 0,5% em combustíveis, por exemplo, na gasolina e etanol. Não obstante, fiscalizações do estado de São Paulo apontam alguns postos com até 90% de metanol, o que é extremamente arriscado para as pessoas, veículos e meio ambiente”, afirmou Yuri Fisberg, promotor do MPSP, durante coletiva de imprensa logo após a operação.
Em um dos documentos da investigação, no entanto, o MP afirma que somente um dos núcleos identificados pelos agentes, o produto restrito correspondia até a 50% da composição da gasolina.
“Conforme Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o percentual máximo de metanol no combustível comercializado em todo território nacional é de 0.5%. Somente um dos núcleos identificados, em postos do denominado Núcleo ‘SERGINHO’, o produto restrito correspondia até 50% da composição da gasolina”, diz trecho do documento.
A investigação, que mira cerca inúmeros postos de gasolina em todo o Brasil resultou em uma megaoperação para combater um esquema com combustíveis com o envolvimento do PCC.
Segundo a Receita Federal, trata-se da maior operação contra o crime organizado da história do país em termos de cooperação institucional e amplitude. Foram cumpridos cerca de 350 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas em oito estados.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) também ingressou com ações judiciais cíveis de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.
A operação investiga um esquema sofisticado de lavava dinheiro proveniente de crimes na cadeia produtiva de combustíveis que usavam centenas de empresas para operar a fraude, o que permitia esconder a origem dos recursos.
Artifícios como sonegação fiscal e adulteração de produtos aumentavam os lucros da organização criminosa. Somente entre 2020 e 2024, foram importados mais de R$ 10 bilhões em combustíveis pelos investigados.