O promotor do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) que virou alvo de um plano de morte orquestrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e financiado por empresários de SP é Amauri Silveira Filho (foto em destaque).
O promotor atua no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPSP e participa de investigações sobre organizações criminosas armadas, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
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A coluna apurou que Amauri Silveira vive sob ameaça há mais de uma década. Em 2013, ele recebeu uma carta com informações pessoais, fotos de familiares e ameaças explícitas de morte, após denunciar policiais civis acusados de cobrar propinas milionárias para facilitar o tráfico de drogas.
Naquele ano, o Gaeco de Campinas investigava agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), suspeitos de cobrar até R$ 300 mil anuais de traficantes ligados ao criminoso Andinho, do PCC, que mesmo preso em regime de segurança máxima continuava comandando o tráfico na região.
Uma semana após a emissão dos primeiros mandados de prisão contra 11 investigadores e dois delegados, Amauri recebeu uma correspondência com carimbo de São Paulo.
No texto, os criminosos o ameaçavam de “levar tanto tiro de AR-15, que a perícia não vai nem conseguir contar as perfurações”. O documento, assinado como “chumbo grosso com munições”, também citava outro promotor e fazia menção a familiares.
À época, o então procurador-geral de Justiça de SP, Márcio Fernando Elias Rosa, afirmou que as ameaças eram “previsíveis, embora absolutamente indesejáveis”, e garantiu que o Ministério Público não seria intimidado.
O plano atual
Mais de dez anos depois, Amauri voltou a ser jurado de morte — desta vez, pelo PCC. Segundo o Gaeco, empresários ligados à facção financiaram a compra de armas e veículos e contrataram operadores para emboscar o promotor.
A trama foi descoberta na última quarta-feira (27/8) e resultou na prisão de dois suspeitos em Campinas, nos bairros Cambuí e Alphaville.
As investigações apontam que o plano não se limitava ao promotor. Um comandante da Polícia Militar também estava na lista de execuções. O juiz Caio Ventosa Chaves, da 4ª Vara Criminal de Campinas, autorizou três prisões temporárias e quatro mandados de busca e apreensão.
De acordo com o MP, a ordem teria partido de Sérgio Luiz de Freitas Filho, o “Mijão”, apontado como atual número 1 do PCC em liberdade. Foragido há quase 20 anos, ele estaria na Bolívia, de onde continua operando a logística internacional da cocaína e articulando planos de retaliação contra autoridades.