STJ quer julgar ainda em 2025 ação contra Gladson Cameli, acusado de corrupção

STJ quer julgar ainda em 2025 ação contra Gladson Cameli, acusado de corrupção

Acusado de liderar um esquema fraudulento em obras no Acre, o governador Gladson Cameli (Progressistas) está perto de ser julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A fase de alegações finais foi concluída em maio e a relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, deu mais um andamento na ação penal.

Há ainda a estimativa do MPF de que a organização criminosa, supostamente liderada por Gladson Cameli, como um todo, teria causado prejuízo aproximado de R$ 150 milhões aos cofres do estado do Acre, em decorrência da malversação de recursos públicos.

Em despacho de quarta-feira (6/8), a ministra deu vista às partes por cinco dias com a solicitação do que vai ser apresentado durante o julgamento do caso. No caso, as partes devem dizer se querem apresentar algum recurso audiovisual.

O processo ainda vai para o revisor do caso, que é o ministro Otávio Noronha. É ele quem pauta, quando o voto estiver pronto. A expectativa de interlocutores no STJ é que a ação vá para pauta até o fim deste ano, antes do recesso do Judiciário.

Se o caso for pautado, será o primeiro processo contra Cameli a ser julgado no STJ, entre os outros que ele responde. Até o fim do ano também estão mantidas as cautelares contra Cameli de:

  • não poder ter contato com testemunhas ou outros investigados;
  • de sair do Brasil, com recolhimento do passaporte;
  • indisponibilidade de valores, ou seja, limitação de movimentações financeiras;

Apesar das cautelares, o ministros da Corte Especial do STJ não aceitaram pedido da PGR para que o governador fosse afastado do cargo.

Denúncia

Em denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), Cameli e mais 12 pessoas são acusadas pela prática de crimes de corrupção passiva e ativa, peculato, lavagem de dinheiro, dispensa indevida de procedimento licitatório e de organização criminosa. Além de Cameli, os outros envolvidos são servidores públicos estaduais e agentes privados. São suspeitos ainda de envolvimento no esquema a ex-mulher, dois irmãos e dois primos de Cameli.

O MPF narra a “existência de uma complexa organização criminosa, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, formada por uma rede de agentes públicos e particulares, liderada pelo Governador do estado do Acre, Gladson Cameli” a fim de promover o desvio de recursos públicos por meio de fraudes a procedimentos licitatórios.

A afirmação é de que a organização criminosa “atuou sistematicamente em fraudes contratuais no estado do Acre”, tendo sido identificados oito supostos contratos fraudulentos envolvendo as empresas: Murano, CZS, Colorado, Atlas, Aquiry, Seven, EAS e Rotina.

De acordo com a acusação, as práticas ilícitas, iniciadas em 2019, provocaram um prejuízo superior a R$ 16 milhões aos cofres públicos. Inicialmente, o MPF estimava os danos em mais de R$ 11 milhões, mas pareceres técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) apontaram perdas ainda maiores.

Segundo o MPF, a denúncia tem como base fraudes na licitação e na contratação da Murano Construções Ltda. para a execução de obras de engenharia viária e edificações, pelas quais a empresa teria recebido cerca de R$ 18 milhões. As supostas irregularidades foram identificadas no âmbito da Operação Ptolomeu, que investiga um esquema mais amplo de desvios de recursos públicos.

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As investigações tiveram início em 2019 e foram conduzidas pela Polícia Federal na Operação Ptolomeu.

Na ação, Cameli alega que não estão presentes na denúncia os requisitos necessários para a configuração dos delitos e pede a rejeição das imputações delitivas e pela improcedência da acusação. Pede ainda a nulidade das provas obtidas pela Polícia Federal durante campana realizada no interior do condomínio onde mora, além da ilegalidade do compartilhamento das provas.

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