Carlo Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira, revelou detalhes do dia em que colocou Rivaldo no banco de reservas do Milan. O episódio aconteceu em 2002, pouco depois da chegada do meio-campista ao clube de Milão. Um dos treinadores mais vitoriosos do futebol moderno, o italiano lança nesta quinta-feira (25/9) o livro autobiográfico O Sonho: quebrando recorde de vitórias na Champions League, pela Editora Planeta. A obra de 256 páginas, escrita em parceria com o jornalista inglês Chris Brady, está dividida em quatro partes e apresenta relatos inéditos de sua carreira como jogador e treinador.
Primeiros contatos com brasileiros
Ancelotti recorda como a chegada de jogadores brasileiros marcou sua trajetória desde os tempos de atleta da Roma, entre 1979 e 1985. Ele destaca a importância de dois ídolos.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Reprodução AncelottiReprodução/CBF Reprodução/CarloAncelotti
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“O time da temporada 1983-1984 tinha dois brasileiros que me marcaram muito: Toninho Cerezo, que era mais guerreiro e um motor incansável, além de Paulo Roberto Falcão, que era brilhante na armação e um verdadeiro líder em campo”, descreve.
O treinador lembra que, ao lado de Falcão, começou a compreender um estilo diferente de jogo. “Quando ele chegou, não entendia por que treinávamos tanto sem a bola. Talvez isso tenha acontecido em vários lugares da Europa à medida que os sul-americanos começaram a chegar em maior número, mas foi na Roma que, pela primeira vez, fui influenciado diretamente por um gênio brasileiro”.
O atrito com Rivaldo
O livro também resgata um episódio pouco conhecido: a chegada de Rivaldo ao Milan em 2002. O meio-campista, campeão mundial pela Seleção Brasileira, foi colocado no banco logo nos primeiros jogos.
“No início dos anos 2000, eu já tinha jogadores brasileiros no plantel do Milan, como Serginho, Roque Júnior e Dida, quando recebi Rivaldo, em 2002. E tive que lidar com a situação inédita de colocar o habilidoso meio-campista, que já era campeão do mundo, no banco pela primeira vez”, conta Ancelotti.
Segundo o técnico, a decisão foi comunicada pouco antes de uma partida contra o Modena. “Foi um choque para ele. ‘Rivaldo nunca ficou no banco’, ele explicou. ‘Tudo bem’, eu disse a ele, ‘sempre há uma primeira vez, e agora é o momento certo para ser a primeira.’”
A reação do jogador surpreendeu. “Ele simplesmente se levantou e foi para casa. Nos entendemos algum tempo depois e o jogador foi peça importante na conquista da Champions, em 2003”, completa.
A chegada de Kaká
Ancelotti também dedica espaço ao impacto causado por Kaká em sua chegada a Milão, no ano seguinte. “Quando vi Kaká pela primeira vez, em 2003, bem-vestido em sua chegada a Milão, ele parecia um estudante universitário, de óculos. Mas quando o vi jogar fiquei sem palavras. Eu não sabia como descrever o que estava vendo.”
O técnico destaca a transformação do meia no elenco. “Tiramos os óculos de estudante dele, colocamos um uniforme de futebol, e ele virou um fenômeno. Era como o Superman saindo da cabine telefônica.”
Derrotas como aprendizado
No livro, o treinador reconhece que nem sempre esteve cercado por vitórias. “A verdade é que, na maior parte do tempo, a gente não vence. E espero ser humilde o bastante para reconhecer que a derrota também pode ser uma grande professora”, afirma.
Ele aponta dois técnicos como referências fundamentais: Nils Liedholm, que o ensinou a paciência e a versatilidade tática, e Arrigo Sacchi, com quem aprendeu a “reger” equipes. “Segundo Silvio Berlusconi, que era contra minha contratação por achar que eu não conseguiria jogar mais em alto nível por conta das lesões nos meniscos, eu era um maestro que não sabia ler partituras. Sacchi o tranquilizou, dizendo que me ensinaria a reger”, lembra.
Memórias da Copa de 1994
O italiano também reviveu a experiência como auxiliar de Sacchi na seleção italiana durante a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, quando a Azzurra perdeu a final para o Brasil nos pênaltis.
“Se aquele momento me ensinou algo, é que o futebol se joga tanto com a mente quanto com os pés. Foi uma lição importante que levei comigo para minha carreira de técnico”, afirma.
O presente na Seleção Brasileira
Ancelotti dedica as últimas páginas à nova etapa no comando do Brasil. Ele relembra a negociação que o afastou de uma renovação no Real Madrid e o conduziu à seleção.
“No dia em que cheguei ao Brasil, vi um cartaz que dizia: ‘Bem-vindo, Ancelotti, você é o cara!’. Acho que ele queria dizer: ‘Você é a pessoa que vai trazer a Copa de volta’, e é essa pessoa que eu quero ser”, relata.
O treinador encerra com uma meta clara: “O sonho de todo brasileiro é ver o Brasil campeão de novo. Agora esse é o meu sonho também, e tentarei realizá-lo dando tudo de mim. É uma grande responsabilidade, mas que desafio maravilhoso – vencer a Copa do Mundo com o Brasil.”
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