A brasileira Marliene de Jesus Neves, presa há nove meses na Macedônia do Norte, cumpre pena de 5 anos e 6 meses de prisão após um processo que sua defesa classifica como repleto de falhas e violações de direitos humanos. Condenada por recrutamento e intermediação de prostituição, ela afirma que seu trabalho era apenas administrativo em uma empresa regularizada em Portugal, onde residiu por anos.
Em carta enviada à imprensa, Marliene disse que atuava na organização de agendas, atendimento telefônico e redes sociais, sem envolvimento na exploração de mulheres. “Eu apenas atendia telefones, organizava agendas e cuidava de redes sociais. Nunca explorei mulheres ou recrutei pois todas eram amigas de longa data ou indicação de outras da qual prestei o mesmo serviço, eu tentei protegê-las”, escreveu.
Veja as fotosAbrir em tela cheia A brasileira Marliene de Jesus Neves foi condenada por recrutamento e intermediação de prostituição na Macedônia do NorteReprodução: Сител ТB/Facebook A brasileira Marliene de Jesus Neves foi condenada por recrutamento e intermediação de prostituição na Macedônia do NorteReprodução: Сител ТB/Facebook Macedônia do Norte, país localizado na península balcânica, no sudeste da EuropaFoto: Blog Mairon pelo Mundo Advogado de Marliene, Gustavo CorrêaFoto: Arquivo pessoal A brasileira Marliene de Jesus Neves foi condenada por recrutamento e intermediação de prostituição na Macedônia do NorteReprodução: Сител ТB/Facebook
Voltar
Próximo
Leia Também
Notícias
Quem é “Sister Hong”? Entenda história do homem que se disfarçava de mulher na China
Notícias
Palavra “Job” perde prestígio e deixa de ser usual no mercado de trabalho por causa da prostituição
TV
“Domingo Espetacular”: Cabrini investiga DJ acusada de chefiar rede de prostituição
Redes Sociais
Andressa Urach sobre passado religioso: “Mais usada dentro da igreja que na prostituição”
Ela também sustenta que entrou em conflito com um grupo criminoso albanês atuante nos Bálcãs, envolvido em prostituição ilegal e violência sexual. Três meses após denunciar integrantes do grupo, foi presa. Segundo a defesa, ela agora recebe ameaças diretas de morte caso seja transferida para o presídio onde estão membros da organização. “Não me coloco como vítima absoluta. Reconheço meus erros, mas não sou criminosa de alta periculosidade. Estou sendo usada como bode expiatório”, argumentou.
Ao portal LeoDias, o advogado de Marliene, Gustavo Corrêa, afirmou que sua cliente foi condenada após aceitar um acordo sem conhecimento do que assinava, considerando ainda a barreira da língua estrangeira. “O advogado lá não possui voz como aqui no Brasil, considerando o sistema judiciário”, explicou. A defesa sustenta que ela foi coagida a admitir parte das acusações para evitar uma pena mais alta.
Além disso, segundo o advogado, houve erros jurídicos graves no processo. Um deles seria a acusação de lavagem de dinheiro, relacionada a valores enviados por Marliene para familiares no Brasil e em Portugal. “Não houve ocultação ou dissimulação de recursos. No máximo, poderia ser discutida a hipótese de evasão de divisas. Transformar o envio de ajuda familiar em ‘lavagem’ é um erro técnico grave”, disse ele.
O caso ganhou novos contornos após um e-mail enviado nesta última quarta-feira (3/9) ao advogado pelo setor consular da Embaixada do Brasil em Sófia, na Bulgária, responsável pela jurisdição da Macedônia do Norte. No endereço eletrônico, ao qual o portal LeoDias teve acesso, a embaixada informa que encaminhou duas notas verbais às autoridades locais, em fevereiro e julho, mas não recebeu qualquer resposta oficial sobre a prisão ou condenação de Marliene.
“Oficialmente, não fomos avisados nem da prisão, nem da condenação. A embaixada também solicitou, há um mês, informação, por intermédio da Secretaria de Estado em Brasília, para a embaixada da Macedônia do Norte. Até o presente momento, ainda sem resposta. Vamos voltar a solicitar informação oficial para que, somente assim, sabendo de detalhes de onde se encontra exatamente a senhora Marliene de Jesus Neves naquele país, possa-se visitá-la”, diz o comunicado da embaixada.
Ao mesmo tempo, o advogado local que acompanha o caso contestou a versão, afirmando que a embaixada da Macedônia em Brasília não recebeu qualquer solicitação ou correspondência. Ele pediu que a defesa brasileira estabeleça contato direto com representantes diplomáticos da Macedônia para esclarecer o impasse.
Situação no cárcere
Marliene relata ainda falta de atendimento médico adequado, recusa de medicamentos controlados, intimidações por parte de agentes prisionais e risco de ser enviada ao mesmo presídio onde estão integrantes do grupo criminoso com quem se desentendeu.
Mãe de um filho menor e ré primária, ela teve negado o pedido de prisão domiciliar, mesmo após apresentar passaporte apreendido e comprovação de residência fixa. O menino, que estava com a mãe no momento da prisão, foi levado ao Brasil após intervenção de órgãos de proteção à infância.