O que você escolheria para deixar como mensagem às próximas gerações? Em 1921, militares decidiram registrar parte da história de sua época e enterraram uma cápsula do tempo junto à pedra fundamental do quartel do 4º Batalhão de Infantaria Mecanizado (Bimec), em Osasco, na Grande São Paulo.
Mais de um século depois, em 28 de agosto de 2025, a caixa de cobre foi aberta em uma cerimônia no próprio batalhão, revelando moedas, documentos e exemplares de jornais da época, entre eles A Tribuna de Santos, O Estado de S. Paulo e o Correio Paulistano, todos datados do mesmo dia da inauguração da pedra fundamental, em 28 de agosto de 1921.
Além dos periódicos, foram encontrados 11 réis — moeda em circulação no Brasil até 1942 — e uma ata que registrava oficialmente o lançamento da pedra. Apesar de bem preservados, os itens estavam úmidos e passaram por um processo de tratamento antes de serem exibidos ao público no museu do quartel.
A edição de A Tribuna encontrada dentro da cápsula tinha 12 páginas e custava 200 réis. Entre as manchetes, destacavam-se notícias sobre confrontos violentos na Índia, discussões acaloradas na Câmara Federal do Brasil e uma crise ministerial em Portugal. O jornal também registrava a visita do então Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, a Santos, logo após o lançamento da pedra fundamental em Osasco.
A investigação sobre a existência da cápsula começou quando militares descobriram uma caixa semelhante em um quartel de Caxias do Sul (RS). O caso levantou a hipótese de que a prática pudesse ser uma tradição no Exército. O major Felipe Faulstich, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), pesquisou o tema e encontrou registros no Correio Paulistano confirmando a existência da cápsula enterrada em Osasco.
Agora, 104 anos depois, os fragmentos preservados daquele tempo ajudam a recontar parte da história do Brasil e do mundo a partir do olhar da imprensa da época.