O ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de perseguição à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Tagliaferro, que foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE, quando o tribunal era presidido por Moraes, foi ouvido como testemunha, nesta quarta-feira (17/9), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara (CCJ), em sessão que analisa a cassação do mandato parlamentar de Zambelli.
Segundo o ex-assessor, Moraes solicitava aos juízes auxiliares do TSE relatórios sobre as redes sociais da deputada.
“Era uma perseguição ativa, constante. Praticamente semanalmente, duas, três, quatro vezes por semana, eu recebia pedidos para que monitorasse, para que olhasse. Qualquer coisa que envolvesse Carla Zambelli em rede social acabava caindo no foco”, disse Tagliaferro.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Eduardo Tagliaferro – Internet Reprodução CCJ Câmara – Internet Reprodução Eduardo Tagliaferro – Internet Reprodução Eduardo e Ministro Alexandre de Moraes na época em que o funcionário trabalhava no TSEReprodução: Instagram
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Ainda segundo Tagliaferro, a deputada era um dos principais nomes, entre os parlamentares e influenciadores de direita, monitorados pelo TSE a mando de Moraes. A inspeção era feita, segundo ele, por um ou mais servidores do gabinete do ministro e por meio de ferramentas de inteligência.
“O que eu tenho comigo são os relatórios produzidos, os e-mails encaminhados oficialmente para o gabinete do ministro Alexandre de Moraes e as várias conversas de Whatsapp entre eu e Airton Vieira, entre eu e Marco Martins Vargas, e entre eu e um grupo do próprio TSE, no qual claramente se vê que Carla Zambelli era de fato um alvo e tinha uma intenção com cunho persecutório. Inclusive diziam, em algumas palavras: ‘Vamos pegar ela’”, afirmou.
Carla Zambelli está presa na Itália, onde aguarda o julgamento do pedido de extradição para o Brasil. A deputada licenciada, que estava foragida da Justiça desde que deixou o Brasil, em maio, foi condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) juntamente com o hacker Walter Delgatti Neto. Os ministros também determinaram que ela perca o mandato parlamentar.
O processo de cassação de Zambelli será enviado ao plenário da Câmara após passar pela CCJ da Casa.