Na manhã desta segunda-feira (8/9), o Palácio do Planalto foi palco de uma reunião convocada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. O objetivo central foi traçar estratégias para conter o avanço da proposta de anistia a investigados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, que ganhou força entre partidos de centro-direita no Congresso.
Segundo relatos, Gleisi orientou que cada ministro use sua proximidade com as bancadas para esfriar a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB), responsável por decidir se o texto entrará em pauta. A ministra também pediu que reforcem, em declarações públicas, que a Casa tem prioridades mais urgentes, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e a PEC da Segurança Pública.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Gleisi HoffmannFoto: Jefferson Rudy/Agência Senado Luiz Inácio Lula da SilvaReprodução: YouTube/Canal Gov Hugo Motta Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados Palácio do Planalto é o local de trabalho habitual do presidente do Brasil desde o nascimento de Brasília, em 1960Reprodução O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está cumprindo prisão domiciliarReprodução: Internet
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Estiveram presentes titulares de pastas estratégicas, como Renan Filho, dos Transportes; Simone Tebet, do Planejamento; Jader Filho, de Cidades; Alexandre Silveira, de Minas e Energia; e Celso Sabino, do Turismo. O único ausente foi André Fufuca, ministro dos Esportes, ligado ao PP, que alegou compromissos anteriores. A ausência foi interpretada nos bastidores como reflexo da orientação da cúpula progressista do partido, que vem se distanciando do governo.
A ofensiva ocorre em meio à segunda semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentar articular um golpe de Estado. Caso avance, a anistia poderia beneficiar diretamente o ex-chefe do Executivo, anulando eventual condenação. Parlamentares bolsonaristas pressionam para que a proposta seja votada em regime de urgência logo após o julgamento.
Porém, há divisões dentro das legendas. Enquanto PP, Republicanos e União Brasil demonstram alinhamento com a medida, o MDB e o PSD apresentam posições fragmentadas, com parte das bancadas contrária ao perdão. Interlocutores do Planalto avaliam que a insatisfação de parlamentares com a liberação de emendas também tem alimentado a adesão ao projeto.
O presidente Lula já alertou publicamente para os riscos: “Se for votar no Congresso, corremos o risco da anistia. O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. Ele tem ajudado o governo, temos aprovado tudo que enviamos, mas a extrema-direita tem muita força ainda no Congresso”, afirmou na semana passada.
Nos bastidores, há expectativa de que Hugo Motta só leve o tema à votação após o fim do julgamento no STF. Enquanto isso, o governo busca ganhar tempo e organizar sua base, numa tentativa de barrar uma medida que poderia reabrir espaço político para Bolsonaro em 2026.