Hegemonia brasileira, crise argentina: entenda o abismo que cresce no futebol sul-americano

Hegemonia brasileira, crise argentina: entenda o abismo que cresce no futebol sul-americano

O futebol sul-americano vive um contraste cada vez mais evidente. Enquanto o Brasil conquistou as últimas seis edições da Copa Libertadores, com Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo, a Argentina amarga uma seca de títulos desde 2018. Nos últimos dez anos, foram sete taças brasileiras contra apenas duas argentinas, ambas com o River Plate.

Mesmo em 2024, quando quatro argentinos chegaram às quartas de final (Vélez Sarsfield, Estudiantes, River Plate e Racing), contra apenas três brasileiros, os resultados não escondem a supremacia verde e amarela no continente.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Atlético-MG atropelou o River Plate por 3 a 0 na primeira partida da semifinal da Libertadores (AGIF) Reprodução Palmeiras e River Plate no Allianz Parque em 2021Reprodução/x Reprodução/bocajuniors Gilvan de Souza/Flamengo O jogador Flaco López, da SE Palmeiras, comemora seu gol contra a equipe do C Universitario D, durante partida válida pelas oitavas de final, ida, da Copa Libertadores, no Estádio MonumentalFoto: Cesar Greco/Palmeiras Thiago Almada, Luiz Henrique e Savarino e Igor Jesus conquistaram a Libertadores pelo Botafogo em 2024Thiago Almada, Luiz Henrique e Savarino e Igor Jesus conquistaram a Libertadores pelo Botafogo em 2024 / Reprodução

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A crise no vizinho
A disparidade está diretamente ligada à crise que atravessa o futebol argentino. Clubes endividados, estrutura de campeonatos frágeis e resistência à transformação em modelos empresariais têm limitado a competitividade. O próprio presidente Javier Milei criticou publicamente a gestão da Associação de Futebol Argentino (AFA) e defendeu a criação das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs), equivalentes às SAFs do Brasil.

“Nem River, nem Boca. Sem argentinos no Mundial de Clubes. O Brasil foi com quatro times, os quatro passaram. Até quando teremos que apontar o fracasso do modelo Chiqui Tapia?”, publicou Milei em julho, atacando o presidente da AFA.

O crescimento do Brasil
Enquanto isso, os clubes brasileiros ampliam receitas com novas formas de gestão e a transformação em SAFs. Flamengo e Palmeiras lideraram o processo, conquistando quatro Libertadores entre 2019 e 2022. Atlético-MG e Botafogo também cresceram após a mudança de modelo, a ponto de decidirem a final da competição em 2024.

“O Brasil é sabidamente o país mais rico da América do Sul e o futebol brasileiro é o resultado dessa condição. E a diferença com nossos ‘hermanos’ será ainda mais acentuada com o advento da Liga”, avalia Cristiano Caús, especialista em Direito Desportivo.

A visão dos especialistas
Para o educador financeiro Fernando Lamounier, a distância também se explica pela estrutura de competições. “Enquanto no Brasil torneios como Copa do Brasil e Brasileirão criam atratividade para investidores, na Argentina os campeonatos ainda enfrentam problemas de organização e baixos níveis de monetização”, analisa.

Sara Carsalade, da Somos Young, reforça que os reflexos aparecem dentro de campo. “Essas medidas extracampo influenciam no resultado e isso fica nítido quando você observa que as últimas seis Libertadores foram vencidas por clubes brasileiros”, aponta.

Claudio Fiorito, da P&P Sport Management, completa: “As transformações dos clubes em SAF retratam que é um caminho sem volta. É preciso, no entanto, boa gestão. Alguns clubes sul-americanos têm seguido esse caminho, mas ainda são minoria”.

Tentativas de reação
O River Plate tenta se reinventar ao lançar, neste mês, um fundo de investimentos na Bolsa de Valores argentina, com meta de arrecadar 15 milhões de dólares para reforçar o futebol e as categorias de base. Com estádio reformado e público superior a 80 mil pessoas em grandes jogos, o clube busca competir em um cenário cada vez mais desigual.

Ainda assim, especialistas consideram que sem mudanças estruturais profundas, a diferença tende a aumentar. “Em qualquer sociedade que se apresente como livre, não cabe mais justificar proibições como essa que defende a confederação”, afirma Thiago Freitas, da Roc Nation Sports, ao criticar a AFA.

O abismo em construção
A combinação entre crise econômica na Argentina e fortalecimento do mercado esportivo no Brasil evidencia um abismo que vai além do campo. O sucesso brasileiro recente e a instabilidade política e estrutural do futebol argentino reforçam uma tendência: a hegemonia verde e amarela parece longe de acabar.

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Tags: ArgentinaBRASILESPORTESFutebol Sulamericano