Marco Aurélio era o assassino de Odete Roitman, mas vazamento mudou final de “Vale Tudo”

Um dos maiores mistérios da teledramaturgia brasileira quase teve um desfecho bem diferente do que foi ao ar em janeiro de 1989. Segundo revelam as biografias de Gilberto Braga e Aguinaldo Silva, autores de “Vale Tudo” ao lado de Leonor Bassères, o assassino de Odete Roitman (Beatriz Segall) seria originalmente Marco Aurélio, personagem vivido por Reginaldo Faria. O problema é que o nome de Marco Aurélio vazou para a imprensa e os novelistas decidiram mudar tudo.

Na biografia de Gilberto Braga, o autor lembra que a morte da vilã “estava prevista desde a sinopse e o assassino deveria ser Marco Aurélio. Mas o sucesso extraordinário de audiência e a repercussão de Vale Tudo, muito acima da média, transformou o corriqueiro ‘quem matou?’ em um evento sem precedentes na história das novelas. Houve uma verdadeira histeria midiática”.

Nenhum item relacionado encontrado.
Quando os autores viram que que os jornalistas descobriram a identidade do assassino, eles resolveram mudar o desfecho. Na biografia de Aguinaldo Silva, “Meu Passado Me Perdoa”, ele conta: “Desde o começo sabíamos que ela seria morta pelo outro vilão da história, Marco Aurélio, vivido por Reginaldo Faria. Mas isso vazou na imprensa e então, numa reunião de emergência, Gilberto, Leonor e eu decidimos que ela seria morta por um personagem mais improvável, do qual ninguém pudesse desconfiar. Desse modo, escolhemos Leila, personagem de Cássia Kis e mulher de Marco Aurélio”.

A decisão só foi tomada nos últimos dias de exibição, em clima de absoluto sigilo. A cena da revelação de Leila como assassina foi gravada no mesmo dia da exibição do capítulo final, em 6 de janeiro de 1989. Em “O Balzac da Globo”, Gilberto Braga relatou que o diretor Dennis Carvalho lhe perguntou quem seria o assassino. “Dennis, quem é a mulher que tem a cara de mais louca do elenco?”, disse o autor. “Falei: Cássia Kis.” E ele respondeu: “Acertou!”.

A atriz adorou a escolha e, segundo Aguinaldo, até a forma como a personagem executaria o crime foi decidida em cima da hora: “Não dá um tiro só, não. Descarrega tudo que tem no revólver”. O que poderia ter sido um desfecho previsível acabou entrando para a história como um dos maiores segredos já guardados pela Globo e transformou “Vale Tudo” em um marco da televisão brasileira.

Categories: ENTRETENIMENTO
Tags: Carla BittencourtNovelasTV GloboVale Tudo