Depois de ocupar os topos de streaming e as festas de todas as classes, o trap e o funk se encontram diante de um novo desafio: manter a potência criativa e discursiva sem se repetir. Para artistas veteranos da periferia, a sobrevivência agora depende de reinvenção, sem abrir mão da essência.
A ascensão do funk e do trap transformou radicalmente o mapa da música brasileira. Gêneros antes marginalizados, agora dominam as paradas e os palcos. Mas com isso, vêm novas cobranças.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Rapper Japão VielaRapper Japão Viela/Reprodução Rapper X, líder do Câmbio NegroDivulgação L7nnon e Giovanna Lancellotti formam par romântico na novela “Dona de Mim” Reprodução/InstagramL7nnon e Giovanna Lancellotti formam par romântico na novela “Dona de Mim”. Reprodução/Instagram Matuê volta com sua turnê para São Paulo / Reprodução: Instagram Mano Brown e OruamFoto: Reprodução/Instagram @manobrown @jefdelgado Xamã vai interpretar um contraventor em série da NetflixReprodução/Instagram
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Em entrevista exclusiva ao portal LeoDias, o rapper X, do grupo Câmbio Negro, pioneiro da cena hip hop em Brasília, reflete que a nova geração tem muito talento, mas tem que cuidar pra não cair em fórmulas prontas, para não perder a essência.
O alerta não vem do conservadorismo, mas da experiência de quem viu o rap resistir por décadas com conteúdo, postura e inovação. Para X, é preciso que o trap e o funk encontrem caminhos próprios de amadurecimento, sem depender apenas da fórmula do sucesso rápido.
A questão também é estrutural. Japão Viela, outro artista entrevistado, ressalta que o discurso consciente segue necessário.
“O rap é liberdade de sonhar, denunciar, amar, conquistar. Quem limita o rap ao sofrimento não entendeu nada. A nova geração precisa cantar tudo, mas com raiz”, destacou.
Com as redes sociais e os streamings, a produção musical se democratizou. Mas a pressão por engajamento e números altos pode aprisionar os artistas em um ciclo de repetições e hits descartáveis. Câmbio não condena os novos estilos, mas defende que todos sejam respeitados e que a periferia mantenha sua pluralidade.
“Não gosto de tudo, não faria, mas não sou ditador musical. Cada um com sua caminhada. O que importa é que a mensagem não se perca”, pontua.
A sobrevivência cultural desses gêneros não depende apenas do mercado, mas da consciência de quem os faz e dos espaços que a sociedade oferece para que continuem existindo com autenticidade. Entre evolução ou mutação, o importante é que a arte siga viva e inquieta.