Opinião: Giovanna Lancellotti entrega sua melhor atuação em “Dona de Mim”

Opinião: Giovanna Lancellotti entrega sua melhor atuação em “Dona de Mim”

Nos capítulos mais recentes de “Dona de Mim”, Giovanna Lancellotti tem sido o centro das atenções ao interpretar com intensidade o drama de Kami, personagem vítima de estupro. A atriz surpreende pela maturidade artística e pela entrega absoluta em uma trama difícil, que exige sensibilidade e realismo.

Sua atuação se destaca principalmente nos detalhes: o olhar perdido diante do espelho, os movimentos inseguros, o choro sufocado que se transforma em desespero. Lancelotti consegue traduzir em gestos e expressões a complexidade emocional de uma vítima de violência — a repulsa, o medo, a raiva e a confusão. É um trabalho que vai além da ficção e que funciona também como denúncia social, gerando forte impacto no público.

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O mérito, no entanto, não é apenas da atriz. A autora Rosane Svartman tem prestado um serviço fundamental ao trazer um tema tão delicado para a faixa das sete. Muitos criticam o peso da trama para esse horário, tradicionalmente associado à leveza e ao humor, mas a escolha é certeira. Casos de violência contra mulheres acontecem diariamente no Brasil, em todas as classes sociais e contextos, e a novela se torna também um espaço de denúncia e conscientização.

Historicamente, as novelas sempre foram um retrato dos tempos em que foram exibidas. “Dona de Mim” segue essa tradição ao não se furtar de abordar um problema estrutural e urgente, mesmo em um espaço televisivo voltado ao grande público. Essa decisão amplia o alcance da mensagem e reforça o papel social da teledramaturgia.

É importante ressaltar também a versatilidade de Giovanna. Embora seja reconhecida por papéis cômicos e mais leves em novelas anteriores, aqui ela mostra domínio absoluto do registro dramático. Essa capacidade de transitar entre gêneros revela uma atriz completa, que poderia e deveria ser mais explorada pela teledramaturgia brasileira em papéis de protagonismo.

Com “Dona de Mim”, Giovanna Lancelotti alcança um novo patamar em sua carreira. Sua interpretação não só emociona, como também provoca reflexão. E, junto à escrita corajosa de Rosane Svartman, a novela mostra que ainda é capaz de impactar, emocionar e denunciar. É entretenimento, mas também é realidade.

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