Em meio à força dramática de “Vale Tudo”, um personagem chama atenção justamente por dizer muito sem falar uma palavra. Leonardo, filho de Odete Roitman (Débora Bloch), interpretado por Guilherme Magon, é retratado como um jovem debilitado, que se comunica por trejeitos, olhares e silêncios. É um papel delicado, que poderia facilmente cair no estereótipo ou na caricatura, mas o ator entrega uma interpretação tão precisa que muitos telespectadores chegam a se perguntar: “Será que ele é assim na vida real?”.
Esse tipo de dúvida é, na verdade, o maior elogio a um intérprete. A construção de Magon é tão convincente que rompe a barreira entre personagem e ator. Não à toa, recentemente, um vídeo dele circulando em um shopping do Rio viralizou justamente por esse choque de realidade: o público se surpreendeu ao ver que aquele jovem que na novela parece frágil e limitado, na vida real é saudável e cheio de vitalidade. Nos comentários do registro, o que se viu foi um coro de reconhecimento ao talento do ator.
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E se ainda havia alguma dúvida, a cena exibida na noite desta quarta-feira (3) foi um ponto alto. Nela, Odete precisa cuidar do filho. Débora e Guilherme entregaram tudo: ela, mergulhada em culpa e desespero; ele, com um olhar que dizia mais que qualquer fala. O momento em que Leonardo reconhece a mãe com um fixar de olhos causou um terror psicológico enorme, deixando a personagem – e o público – paralisados. Leonardo não pronunciou uma palavra, mas a intensidade de sua presença foi devastadora.
O trabalho de Guilherme Magon em “Vale Tudo” é um exemplo claro do quanto a televisão brasileira ainda sabe revelar surpresas no elenco. Leonardo não tem falas, não tem arcos longos ou discursos marcantes — mas se torna inesquecível porque é interpretado com verdade. Magon não interpreta apenas uma “condição”, ele constrói uma pessoa, com gestos, ritmos e uma presença que passa autenticidade.
Se “Vale Tudo” é uma novela que fala sobre verdades e mentiras, ética e disfarces, a atuação de Guilherme Magon em Leonardo funciona como uma metáfora dentro da própria trama: nos faz questionar o que é real e o que é encenação. E esse, talvez, seja o maior mérito de um ator.