“Oportunista”: Autora de “Vale Tudo” é criticada por trama de Cecília e Laís; atrizes comentam

“Oportunista”: Autora de “Vale Tudo” é criticada por trama de Cecília e Laís; atrizes comentam

O remake de “Vale Tudo” virou alvo de críticas do Coletivo Dupla Maternidade, que publicou uma carta aberta à autora Manuela Dias e à equipe de roteiristas da novela no Instagram. O grupo questiona a forma como a trama tem retratado as personagens Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima), um casal de mulheres que formam uma família com a filha adotiva.

Na publicação feita no Instagram, o coletivo acusa a novela de transformar uma oportunidade de representatividade em “desinformação, preconceito e desserviço”. “Não existe ‘pai biológico’ em uma família de duas mães. Há, por outro lado, várias expressões e palavras corretas para falar de uma configuração familiar como a de Cecília e Laís”, destacou o texto.

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Segundo o coletivo, a expectativa inicial era de celebração quando souberam que a novela traria uma família formada por duas mães, ainda mais porque, ao contrário da versão original de 1988, desta vez uma personagem lésbica não seria eliminada da trama. No entanto, a condução dos conflitos acabou frustrando as famílias representadas pelo grupo.

“É inacreditável que em 2025 o que poderia ser representatividade seja transformado em desinformação, preconceito, desserviço”, afirma a carta. O coletivo também apontou que ao insistir em certos caminhos, a novela estaria “reforçando violências diárias” que famílias de dupla maternidade enfrentam.

As críticas chegaram às atrizes envolvidas, e tanto Maeve Jinkings quanto Lorena Lima comentaram na postagem em tom de respeito e acolhimento. Maeve escreveu: “Todo meu amor e respeito ao coletivo, e a todas as mães adotivas e casais de mulheres. Desde o início busquei compreender a alma dessas famílias”.

Já Lorena reforçou a importância de dar mais visibilidade a essas histórias: “Que tenhamos mais chances de contar nossas histórias. É imenso meu respeito e admiração pelo coletivo e por todas as mulheres que o formam. Guardo com muito carinho os presentes que mandaram e deixo meu desejo forte de encontrar com vocês logo”.

O episódio expõe uma tensão recorrente entre a expectativa por representatividade real e respeitosa e a forma como a televisão lida com narrativas LGBTQIA+. Para o Coletivo Dupla Maternidade, a novela poderia contribuir para ampliar o entendimento sobre famílias formadas por duas mães, mas acabou reproduzindo equívocos e estigmas.

A organização reforçou ainda sua disposição em colaborar com a equipe de roteiro: “Podemos ajudar vocês na construção dessa pauta, se houver interesse, para que a novela contribua de fato com as nossas famílias, e não apenas use o assunto de forma oportunista”.

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