Um levantamento divulgado neste sábado, 20, pelo instituto de pesquisa Quaest mostra que a chamada PEC da Blindagem enfrenta forte rejeição no ambiente digital. Entre os dias 16 e 19 de setembro, 83% das menções registradas nas redes sociais foram críticas ao texto.
O monitoramento analisou 2,3 milhões de comentários, com alcance médio de 44 milhões de perfis por hora. Apesar da grande repercussão, o ritmo de menções por hora (24 mil) foi menor que em episódios recentes, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, que chegou a 44 mil menções por hora. Ainda assim, o volume superou debates anteriores, como o embate entre Congresso e governo sobre o aumento do IOF, entre junho e julho. O pico de interações ocorreu às 19h do dia 16.
Principais alvos das críticas
Segundo a Quaest, quase metade das menções negativas (46%) miraram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e a própria Casa legislativa. As críticas foram impulsionadas sobretudo por parlamentares e influenciadores ligados à esquerda.
Entre as estratégias, se destacaram:
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a hashtag “#CONGRESSO INIMIGO DO POVO”;
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publicações da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e de influenciadores progressistas;
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vídeos de sátira produzidos com inteligência artificial, como o “Hugo nem se importa” e o “Tarcínico Pedágio”, em referência ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O monitoramento também identificou que 40% das menções estavam relacionadas às manifestações contra a PEC da Blindagem convocadas para domingo, 21. Dentro desse grupo, 12% focavam no engajamento de artistas e personalidades públicas. Além disso, 15% das publicações relacionaram a proposta a outros temas, como a anistia e o julgamento de Bolsonaro.
As menções favoráveis à PEC representaram apenas 17% do total. A defesa foi puxada principalmente por parlamentares e militantes bolsonaristas, que apresentaram o projeto como uma forma de limitar supostos “excessos” do STF.
Publicações alinhadas à direita também resgataram decisões da Corte que beneficiaram réus da Lava Jato, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como argumento em favor da medida.
Diferença no engajamento em grupos de mensagens
O estudo apontou ainda diferenças no engajamento político nos grupos de WhatsApp, Telegram e Discord. Nos canais de esquerda, a PEC da Blindagem ganhou destaque crescente, chegando a 11% do volume total de mensagens no dia 18.
Já nos grupos de direita, a proposta aparece pouco, somando apenas 2% das conversas. Nessas comunidades, o foco maior esteve na mobilização da militância (27%), no apoio ao ex-presidente Bolsonaro (22%) e nas críticas ao STF (12%).