A vida do policial penal Janilson da Silva Ferreira mudou drasticamente há mais de dois anos, após ser baleado durante uma rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, em julho de 2023. Os estilhaços da munição de fuzil 5,56 mm atravessaram o escudo balístico que ele usava, atingindo seu olho direito e resultando na perda do órgão.
Desde então, Janilson continua em tratamento médico, enfrentando dores constantes no olho e na cabeça, além de dificuldades financeiras para manter a família. Ele relatou que, embora alguns amigos o ajudem, o suporte não é suficiente para cobrir despesas como a casa financiada, cuidados médicos e sustento dos dois filhos e dois enteados.
A rebelião durou mais de 24 horas, incluindo 16 horas de negociação com presos que mantinham um colega refém. Durante o conflito, cinco detentos foram mortos, três deles de forma brutal. Janilson e um detento ficaram feridos. Inicialmente, acreditava-se que o tiro havia sido de raspão, mas exames posteriores confirmaram a gravidade do ferimento.
O policial revelou que precisará realizar um enxerto ocular em São Paulo, onde seguirá para tratamento, mas afirmou que não recebeu ajuda para custear a estadia e o deslocamento, sendo responsável apenas pelas passagens obtidas pelo Tratamento Fora do Domicílio (TFD).
Além da perda do olho, Janilson passou por transplante de supercílio e atualmente utiliza prótese ocular, mas ainda sofre tremores no olho esquerdo e precisa de acompanhamento semestral da retina, com risco de complicações futuras.
O policial está afastado das funções desde julho deste ano e considera a possibilidade de aposentadoria por motivos de saúde. Ele lamenta que, antes do acidente, realizava diversos trabalhos extras para complementar a renda da família, atividade que não consegue mais exercer devido às limitações físicas.
Janilson destacou que, apesar de sua experiência e treinamento em operações penitenciárias especiais, a falta de equipamentos de proteção adequados, como capacete balístico e óculos de segurança, contribuiu para a gravidade do ferimento. Ele afirmou sentir abandono e descaso por parte das autoridades, mesmo tendo atuado de forma decisiva para impedir uma fuga de presos armados e possíveis tragédias durante a rebelião.
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) informou que Janilson recebeu acompanhamento do Centro Integrado de Apoio Psicossocial (Ciab) e consultas oftalmológicas, além de ter seus direitos e salário mantidos, mas que decisões sobre aposentadoria dependem da junta médica do estado.
Janilson reforçou que precisa de ajuda financeira para custear os próximos tratamentos em São Paulo, diante das despesas médicas e da situação familiar.