A população foi às ruas neste domingo (21) em pelo menos 33 cidades brasileiras para protestar contra o PL da Anistia e a PEC da Blindagem. Os atos ocorreram em todas as capitais e reuniram milhares de pessoas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Manaus.
Em Brasília, a manifestação tomou as seis faixas do Eixo Monumental e seguiu até o Congresso Nacional, com discursos, batalhas de rima e apresentações culturais. O cantor Chico César encerrou o ato com um show diante do parlamento.
No Rio de Janeiro, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan se juntaram ao público, enquanto em Salvador o protesto contou com a presença de Daniela Mercury e Wagner Moura. Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) marcaram presença, assim como Lindbergh Farias (PT) e Talíria Petrone (PSOL) no Rio.
Os manifestantes empunhavam cartazes com frases como “Sem anistia”, “Congresso inimigo do povo” e “PEC da Bandidagem”. O alvo das críticas foi o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusado de articular a inclusão dos projetos em votação.
PEC e Anistia na mira dos protestos
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, prevê que processos contra parlamentares só possam ser abertos com autorização das próprias Casas Legislativas, em votação secreta. O texto também estende foro privilegiado a presidentes de partidos. Já o PL da Anistia, em regime de urgência, abre caminho para beneficiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Para os manifestantes, as propostas representam um retrocesso democrático e favorecem políticos investigados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
“É ofensivo. Eles só trabalham em defesa deles mesmos. O Brasil tem que se unir contra isso”, disse a bancária Keyla Soares, 42 anos, ao protestar contra a PEC. Já a estudante Sara Santos, 26, destacou que “não podemos aceitar anistia contra quem atacou a democracia”.
A aposentada Maria Lúcia de Souza, 62, também criticou a proposta: “Desde o primeiro dia de governo, Bolsonaro queria dar o golpe. Estão subestimando nossa inteligência”.
Mobilização nacional
Os atos foram convocados por organizações sociais e sindicais, além de coletivos estudantis e culturais. Muitos participantes também defenderam projetos de interesse do governo, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já declarou que vetará qualquer anistia que chegue ao Palácio do Planalto e classificou a PEC da Blindagem como “não séria”.
No Senado, a PEC deve enfrentar mais resistência, já que o relator Alessandro Vieira (PSD-SE) se posicionou contra o texto. O PL da Anistia, por sua vez, está sob relatoria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que busca flexibilizar penas, movimento que gerou críticas até mesmo da direita.