Suzana Pires celebra trajetória como roteirista: “Escrever é meu lugar de autonomia”

Suzana Pires celebra trajetória como roteirista: “Escrever é meu lugar de autonomia”

A atriz Suzana Pires tem investido cada vez mais em sua carreira como roteirista, uma atividade que já acompanha sua trajetória há mais de 20 anos. Desde o fim de 2022, quando decidiu não renovar contrato com a TV Globo para apostar no mercado internacional, ela vive em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde se adaptou à rotina da indústria do entretenimento. Em entrevista ao portal LeoDias, a artista, que estará de volta ao Brasil em outubro para compromissos profissionais, conta como tem sido esse processo.

“Foi como mudar de planeta (risos). Mas descobri que, quando você traz autenticidade, cria conexão em qualquer lugar. Los Angeles é um mercado exigente, mas também generoso com quem sabe entregar qualidade e compromisso. Eu vim para fazer um trabalho por seis meses e fui emendando: Avalon Studios, Eone, Mermaid Studios, Amazon, Sony e agora tenho a minha própria empresa de conteúdo e negociação de propriedades intelectuais brasileiras. A minha bagagem no mercado brasileiro foi decisiva e transformei minha visão de mundo e experiência profissional em diferencial competitivo”, revela.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação Suzana Pires fala sobre carreira internacional e novo filmeStorm Santos/Divulgação

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Questionada sobre as diferenças entre o Brasil e os Estados Unidos, a atriz, escritora, empresária e ativista faz uma analogia: “No Brasil, a gente aprende a fazer muito com pouco. Somos criativos por necessidade. Já nos Estados Unidos, o mercado é estruturado para que a criação tenha recursos e escala global. Eu diria que o Brasil é a faísca e os Estados Unidos são o combustível. Juntos, viram fogo artístico”.

Atualmente, a carioca de 49 anos é showrunner da versão brasileira de “Charlie’s Angels Teens”, produção da Sony, e se prepara para gravar o filme ‘De Perto Ela Não É Normal 2’, previsto para o ano que vem. “Podem esperar ousadia, humor e emoção. ‘Charlie’s Angels Teens’ traz meninas inteligentes, destemidas e apaixonadas pelo planeta, elas vão à escola e salvam o mundo de uma ameaça terrível. Já ‘De Perto Ela Não É Normal’ é a minha joia: uma comédia que fala de mulheres reais, suas dores e suas delícias, mas sempre com muita graça. Meu foco no ‘De Perto 2’ é sexualidade feminina pós-40. Temos um órgão que é responsável por nos dar prazer e somos condenadas a castrá-lo; discutir isso com humor e elegância é necessário”, explica.

Entre os projetos mais marcantes de toda a sua trajetória artística, ela destaca justamente ‘De Perto Ela Não é Normal’, peça que escreveu e atuou entre 2006 e 2022 e que deu origem aos filmes. “Esse projeto nasceu do meu coração, da minha própria experiência, do que eu acredito e abriu portas na TV e no cinema e agora se prepara para ganhar o mundo com o filme dois. Aliás, é bom eu falar aqui que o filme um está no Globoplay. É uma obra que me deu autoria da minha própria voz e me mostrou que a arte é, acima de tudo, um ato de libertação”, ressalta.

Saudade de atuar em novelas, mudanças no formato e etarismo
No currículo, Suzana acumula mais de 10 filmes, entre eles “Tropa de Elite”, “Casa Grande” e “Loucas pra Casar”, 20 peças de teatro e 15 novelas, como “Caras & Bocas”, “Fina Estampa”, “A Regra do Jogo” e “Bom Sucesso”. Ela admite sentir falta da TV: “Sinto saudade porque novela é uma escola única: é disciplina, intensidade e contato direto com o público. Voltaria, claro, mas agora não consigo nem pensar nisso por pura falta de tempo”.

Sobre as mudanças no formato, afirma: “As novelas mudaram porque o público mudou. Hoje há uma disputa feroz pela atenção com as plataformas digitais. Mas acredito que a novela ainda tem um poder enorme de formar imaginário coletivo. Infelizmente, não consigo acompanhar como gostaria. Tenho orgulho de ser uma artista do país das novelas”.

Suzana também fala sobre etarismo na televisão: “Sim, o etarismo existe, mas eu nunca aceitei as regras que tentaram me impor. A idade não deveria ser vista como um limite, mas como um repertório, e o público quer se ver representado em todas as idades. A boa notícia é que cada vez mais estamos rompendo essa barreira, e eu faço questão de contribuir para essa mudança”.

“Escrever é meu lugar de autonomia absoluta”
Como autora, ela define a escrita como sua maior autonomia criativa: “Escrever é meu lugar de autonomia absoluta. É onde eu não espero convite para atuar, eu crio meu próprio palco. Como autora, eu desenho universos inteiros e dou voz a mulheres que normalmente seriam silenciadas. É a minha forma de transformar vulnerabilidade em potência e de garantir que outras mulheres também se vejam protagonistas”.

“Não curto criar sozinha. Sou uma pessoa de equipe. Foi assim o processo do roteiro do filme ‘Câncer com Ascendente em Virgem’, ‘De Perto Ela Não é Normal’ e, agora, ‘Tieta’. Tem sido sensacional ter salas de roteiro com profissionais tão talentosas como Thalita Rebouças, Renato Santos, Martha Mendonça, Clara Anastácia, Pedro Reinato e Anna Carolina Francisco. Em Los Angeles, estou trabalhando com uma galera também muito talentosa, e se tem uma coisa que amo é talento”, conta.

Instituto Dona de Si e Semana de Moda de Paris
Fora das telas, Suzana também atua pelo empoderamento feminino. Suzana Pires criou, em 2018, o Instituto Dona de Si, uma ONG que já impactou mais de cinco mil mulheres em situação de vulnerabilidade e de comunidades na indústria criativa brasileira: “Criei esse projeto porque entendi que sucesso não é sobre chegar sozinha, é sobre abrir portas para que outras venham também. A minha mensagem é: exista e não peça desculpas por isso”, diz.

Em outubro, ela volta ao Brasil para a finalização e premiação da “Jornada Dona de Si”, que promove diversas formações por meio de seu instituto, em parceria com a Fundação Casas Bahia. Este ano, em sua maior edição até agora, foram 1.500 mulheres atendidas em cinco capitais, sendo 400 de Heliópolis, em São Paulo.

A artista ainda se prepara para desfilar na Semana de Moda de Paris pela Casa Alessa. Ela conta como a moda se conecta com seu trabalho artístico e sua vida nos Estados Unidos: “A moda é narrativa. Cada peça conta uma história e cada look é um personagem. Desfilar em Paris é entrar em cena no maior palco da moda mundial, e eu entro nele com a mesma entrega de uma estreia no teatro ou no cinema. Moda e arte caminham juntas porque ambas são espelhos de quem somos e projeções de quem queremos ser”, finaliza.

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