O impacto das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump já se reflete de forma expressiva na balança comercial entre Brasil e Estados Unidos. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4/9) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras para o mercado norte-americano despencaram 18,5% em agosto, somando US$ 2,76 bilhões. No mesmo período, as compras de produtos americanos subiram 4,6%, alcançando US$ 3,99 bilhões. O resultado foi um déficit de US$ 1,23 bilhão, o pior saldo mensal registrado em 2025.
O desempenho negativo ocorre em meio ao chamado “tarifaço”, sobretaxa de 50% aplicada a cerca de 36% dos produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos desde o início de agosto. O governo americano justificou a medida citando supostos desequilíbrios comerciais e também razões políticas, como críticas ao processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e restrições à liberdade de expressão de cidadãos americanos.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Destaques na página do MDIC com dados consolidados da Balança Comercial Mensal, atualização desta quinta-feira (4/9)Reprodução: Portal oficial do governo federal/gov.br Destaques na página do MDIC com dados consolidados da Balança Comercial Mensal, atualização desta quinta-feira (4/9)Reprodução: Portal oficial do governo federal/gov.br Presidente dos EUA Donald Trump assinou oficialmente a taxação de 50% sobre os produtos brasileirosReprodução: Internet Lula apresenta novo slogan do governo em reunião com ministrosReprodução: Agência Brasil Fernando Haddad em entrevista à rádio ItatiaiaReprodução: YouTube/Itatiaia
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Com o déficit de agosto, o rombo acumulado pelo Brasil nas trocas comerciais com os Estados Unidos chegou a US$ 3,48 bilhões nos primeiros oito meses do ano, alta de 370% em relação ao mesmo período de 2024. O último superávit com os norte-americanos havia sido registrado em dezembro passado, quando as exportações superaram as compras do exterior no valor de US$ 468 milhões.
Porém, o problema não é novo. Desde 2009, os EUA acumulam sucessivos saldos positivos na relação comercial com o Brasil. Nos últimos 16 anos, a diferença entre exportações e importações resultou em US$ 88,6 bilhões a favor dos norte-americanos.
Para tentar conter os efeitos do tarifaço sobre a indústria nacional, o governo brasileiro anunciou um pacote emergencial em agosto. Entre as medidas estão linhas de crédito no valor de R$ 30 bilhões, mecanismos de seguro à exportação, diferimento de impostos, ampliação de isenções sobre insumos, além de iniciativas para diversificação de mercados e incentivo a compras públicas.
Apesar da piora nas contas com os EUA, o desempenho geral da balança comercial brasileira em agosto foi positivo. O país registrou um superávit global de US$ 6,13 bilhões, crescimento de 35,8% em relação a agosto de 2024. O avanço foi impulsionado principalmente pelas exportações para a China, que saltaram 29,9%, além de fortes aumentos nas vendas ao México e à Argentina.