O Afeganistão sofreu nesta segunda-feira (1º/9) um terremoto devastador de magnitude 6,0, que deixou mais de 800 mortos e cerca de 2,8 mil feridos. Vilarejos inteiros foram destruídos no leste do país, região remota e montanhosa, dificultando as operações de resgate. O Talibã, que governa o país desde 2021, fez apelo imediato por ajuda internacional.
Segundo o governo afegão, o tremor principal foi seguido por cinco abalos secundários, com magnitudes entre 4,3 e 5,2. O epicentro ocorreu a cerca de 130 km de Cabul, a apenas 8 km de profundidade, tornando o terremoto próximo à superfície e altamente destrutivo. Moradores da capital também relataram sentir o tremor.
O porta-voz do Ministério da Saúde, Sharafat Zaman, destacou a gravidade da situação: “Precisamos de ajuda internacional porque muitas pessoas perderam a vida e suas casas. O número de mortos e feridos ainda deve aumentar, pois algumas áreas afetadas ainda não enviaram informações”.
A região atingida é tradicionalmente vulnerável a terremotos, localizada na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. No ano passado, terremotos no oeste do país causaram mais de mil mortes.
Desde que o Talibã retomou o poder em 2021, sanções internacionais reduziram drasticamente os recursos disponíveis para desastres no país. Segundo dados do governo afegão, a verba destinada a emergências caiu de US$ 3,8 bilhões em 2022 para US$ 767 milhões em 2025.
O grupo fundamentalista islâmico sunita impôs restrições severas de direitos, principalmente às mulheres, e enfrenta múltiplas crises humanitárias, incluindo fome e seca. O número reduzido de recursos agrava a dificuldade de respostas rápidas a desastres naturais.
As casas, majoritariamente de barro e pedra, desabaram em diversos vilarejos. Moradores relataram que crianças, idosos e adultos permanecem presos sob os escombros. “95% da nossa vila foi destruída. Temos muitos feridos e mortos. Peço a todos os muçulmanos que nos ajudem”, relatou um morador à TV local Tolo.
Equipes de resgate, com apoio de helicópteros, buscam vítimas nos locais mais isolados. Centenas de feridos foram levados a hospitais e a ONU mobilizou agências humanitárias para apoiar operações em quatro províncias.
Este foi o terceiro terremoto mais mortal desde que o Talibã assumiu o poder, destacando a vulnerabilidade do país e a urgência de assistência internacional para salvar vidas e atender os sobreviventes.